A ractopamina é um aditivo utilizado na nutrição de suínos em fase de terminação. A função básica dele é ampliar a síntese proteica dos animais, levando a uma maior deposição de carne e menor de gordura na carcaça. O resultado sempre foi vantajoso à indústria e ao próprio consumidor, que por muito tempo exigia cortes mais magros, com menor teor de gordura. No entanto, o seu uso tem sido questionado por diversos importadores de carne suína. A União Europeia, alguns mercados da Ásia e outros, como a Rússia, vem adotando já há algum tempo tolerância zero em relação a presença de resíduos desta substância na carne.
No Brasil, o seu uso é permitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mas, muitos sistemas de produção no país já não utilizam mais a ractopamina, evitando assim possíveis contaminações cruzadas em produtos direcionados ao mercado externo. O tema é polêmico. O seu uso em produções é liberado por organismos internacionais, como Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), por meio do Codex Allimentarius, dentro do Limites Máximos de Resíduos (LMR) na carne.
No entanto, a última votação sobre o tema no Codex, realizada em 2012, a vitória foi apertada pela continuidade do seu uso em animais de produção, no caso bovinos e suínos. Os países que questionam a ractopamina afirmam que os estudos que embasaram a decisão do Codex à época não eram amplos e eram estatisticamente “pobres”. Na avaliação deste bloco, o uso da substância pode gerar prejuízos à saúde humana. Esta situação fez com que muitos países adotassem legislações próprias sobre o tema, levando União Europeia, Rússia e China, por exemplo, a banirem a sua utilização e a exigirem de seus fornecedores a não presença de qualquer traço dela na carne.
Mesmo que com questões científicas em aberto sobre o seu impacto ou não para a saúde humana, o fato é o que o peso das exigências do comércio internacional tem levado a uma redução de sua adição em dietas de suínos, assim como a uma busca por possíveis alternativas. Só no Brasil, onde ainda é liberado, se estima que quase 60% da produção já não adote mais a ractopamina. A tendência parece ser de completo banimento da substância, por uma questão de mercado mesmo; fortalecida por exigências de consumidores e países. O tema é discutido em matéria especial desta edição, que oferece um amplo panorama para os nossos leitores.
Humberto Luis Marques
Editor Suinocultura Industrial