Pela primeira vez no Brasil, a diretora do Departamento de Energia dos EUA, Sunita Satyapal, traçou o panorama energético norte americano e destacou os pontos fortes do país em termos de transição energética. Sunita destaca que o crescente interesse pelo Hidrogênio nos EUA faz deste um momento oportuno para, por exemplo, o setor de transporte. Dados revelam que, até 2025, a Califórnia terá 200 estações de abastecimento do gás.
Além disso, há grande investimento em veículos elétricos a pilhas de combustível que podem ser vendidos por cerca de 5 mil dólares, com maior autonomia e que podem ser recarregados em poucos minutos. Satyapal também apresentou a parceria com grandes empresas norte-americanas, como a Fedex, na produção dos primeiros caminhões a Hidrogênio.
Sunita destacou que, apesar de enfrentar desafios em praticamente todos os setores de energia – comercial, residencial, industrial e de transporte – a energia do Hidrogênio tem uma ampla gama de aplicações. Satyapal mencionou o conceito “H2 @ Scale”, desenvolvido pelo Departamento de Energia dos EUA e pelos Laboratórios Nacionais, que estabelece uma estrutura para a potencial produção e utilização em larga escala de Hidrogênio. O conceito aborda questões-chave, como a habilitação de resiliência à rede, segurança energética e melhorias de eficiência entre setores, bem como redução de emissões.
Os EUA também têm investido em cooperação internacional para disseminação do conhecimento em pesquisas do Hidrogênio. “Ainda há muito trabalho pela frente e é necessário reduzir os custos nas pesquisas para desenvolvimento da energia do Hidrogênio. Contudo, com cooperação internacional podemos acelerar o progresso dessa energia”, afirmou Sunita. Segundo ela, os EUA estão em parceria com 18 países para disseminação do conhecimento em pesquisas do Hidrogênio.
Com o Brasil, a parceria ainda é para eficiência energética envolvendo combustíveis fósseis e energia nuclear, todavia “esperamos ver mais atividades de Hidrogênio em parceria com o Brasil, que tem grande potencial de produção de energias renováveis”, concluiu Sunita.
China expande mercado de energia do Hidrogênio
A China, país de proporções continentais em população, PIB e outros quesitos, também lidera em poluição atmosférica. O país mais poluente do mundo, contudo, já está investindo fortemente em fontes energias renováveis. Segundo o CEO da Companhia Chinesa de Investimento Energético – China Energy Investment Corporation, em inglês – Wen Ling, o governo chinês está comprometido com a transição a uma energia mais limpa, apontando para a segurança energética e para um ambiente com baixa emissão de carbono.
Durante a WHEC 2018, Ling afirmou que a China já entendeu que o Hidrogênio tem potencial transformador no panorama energético global. Segundo ele, por ser um país com fontes abundantes do gás, o desenvolvimento da tecnologia de aplicação da energia do Hidrogênio no país pode dar um grande salto. Wen Ling explica que a produção de carvão, vilã da poluição do ar na China, também pode ser usado para produzir energia limpa – quase 250 bilhões de metros cúbicos de Hidrogênio por ano. Além disso, a obtenção do gás pode ser realizada nas usinas hidrelétricas e na indústria petroquímica.
Ling contou que a China estabeleceu uma política interdisciplinar para promover a inovação colaborativa e a integração de recursos para a promoção e a aplicação da energia do Hidrogênio na China, através da Aliança de Inovação da Indústria de Célula de Combustível e Energia de Hidrogênio. Segundo ele, isso será fundamental para melhorar a maturidade do mercado e a competitividade internacional da tecnologia desse gás.
Wen Ling concluiu sua palestra com números otimistas da indústria automobilística. Segundo ele, o governo anunciou planos para construir uma infraestrutura do Hidrogênio e apoiar a fabricação de cerca de 50.000 carros com célula de combustível de emissões zero até 2025, com planos de expandir rapidamente para 1 milhão até 2030.
“A indústria do Hidrogênio e células de combustível da China entrou em uma nova era de padronização e desenvolvimento acelerado. O processo de construção de uma sociedade de energia do Hidrogênio chinesa aumentará em qualidade e velocidade”, explicou Ling.