Levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), apontam que o Custo Operacional Efetivo (COE) da suinocultura subiu 4,79% na “média Brasil[1]” ao longo de 2016, com destaque para a alta registrada na UT (Unidade de Terminação) da região de Santa Rosa (RS), de 8,23% no período.
No topo dos itens com maior participação no COE, a mão de obra subiu 10,88% de dezembro/15 a dezembro/16, também na média das regiões brasileiras, consequência do reajuste do salário mínimo. Os gastos com combustíveis, embora representem apenas 1,34% do COE de 2016 na média Brasil, foram um dos que mais aumentaram em um ano, 8,38% na “média Brasil”, ainda conforme cálculos do Cepea/CNA. Em Santa Rosa (RS), a elevação desse item chegou a 22,41%.
A alta nos preços dos combustíveis também reflete em outros custos. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, houve forte elevação de 15,59% no item transporte de funcionários (locomoção) no sistema UPD entre dezembro/15 e dezembro/16. No sistema UPL (Unidade de Produção de Leitões) de Mato Grosso, esse item subiu 5,6%. Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), os aumentos de preços nas bombas foram de 11,55% para o etanol, de 4,83% para a gasolina C e de 4,45% para o diesel (aqui foram consideradas as variações de preços em regiões levantadas em painel pelo Cepea) entre dezembro/15 e dezembro/16.
Os gastos administrativos, que representaram 8,34% do COE, subiram 2,95% de dezembro/15 a dezembro/16. Já a energia elétrica, responsável por 9,24% do COE do suinocultor em dezembro/16, apresentou queda de 2,85% nos valores, justificada pela mudança nas bandeiras.
Nesse cenário, de acordo com pesquisas do Cepea/CNA, a mão de obra segue com a maior participação no COE, de 38,23% em dezembro/16 frente aos 36,13% no mesmo mês de 2015, na “média Brasil”. A maior representatividade desse item no COE, de 58,44%, foi verificada no sistema de produção de terminação (UT). Para o grupo de manutenções totais, que engloba as manutenções com benfeitorias, máquinas, implementos, equipamentos e ferramentas elétricas, também houve diminuição na participação deste item no COE, passando de 8,24% em dez/15 para 7,88% em dez/16, na “média Brasil”.
Nesse contexto de custos elevados, pesquisadores do Cepea indicam que o produtor mais uma vez teve dificuldades em realizar quaisquer investimentos, como reposição de matrizes, troca de equipamentos, manutenção de benfeitorias e máquinas. A expectativa de melhora recai sobre os preços menores do milho esperados para 2017 e o bom desempenho das granjas.
[1] COE Média Brasil: Indicador que representa o valor médio dos custos operacionais efetivos das propriedades típicas levantadas pelo projeto Campo Futuro (Cepea/CNA) nos estados de MG, MS, RS, GO