A atual crise econômica não pode servir de pretexto para aumentar nossa carga tributária, que já supera incríveis 36 % do PIB — uma das maiores do planeta. O impostômetro, calculado pela Associação Comercial de São Paulo, indica que atingimos uma arrecadação recorde em 2015, superior a R$ 2 trilhões.
O que se espera do governo é austeridade e eficiência. Uma drástica redução de suas despesas, com o encolhimento da gigantesca máquina pública e dos inúmeros programas sociais assistencialistas, que foram sendo criados, de forma quase irresponsável, ao longo dos últimos anos.
É preciso dar um basta na verdadeira farra em que se transformaram o Bolsa Família, Fies, Minha Casa Minha Vida, Pronatec e muitos outros programas. Também está na hora de promover uma drástica reforma em nosso sistema previdenciário.
É preciso acabar com as desonerações tributárias casuísticas, os subsídios dos empréstimos concedidos pelo BNDES a grandes grupos econômicos e as regalias de determinadas categorias e feudos. São privilégios típicos de um Estado patrimonialista, que estão destruindo o equilíbrio de nossas contas públicas.
A solução para a crise, além do ajuste fiscal, dependerá inevitavelmente do mercado externo, sobretudo do crescimento de nossas exportações.
Nessa área, o agronegócio tem sido protagonista. Já estamos exportando mais de U$ 100 bilhões em produtos de origem agropecuária, mas temos condições de vender mais, muito mais. A demanda global por alimentos permanecerá em crescimento durante longo período de tempo, em decorrência do aumento da população e do processo de urbanização dos países em desenvolvimento, como é o caso da China.
Devemos aproveitar nossas vantagens comparativas e investir cada vez mais neste setor, que tem apresentado a melhor performance. Temos disponibilidade de terras, clima adequado e tecnologia apropriada para continuar avançando na produção de alimentos, fibras, energia e florestas.
A ministra da agricultura, Kátia Abreu, está conquistando importantes progressos na abertura de novos mercados, superando barreiras sanitárias e rompendo entraves comerciais e tarifários de alguns dos mais importantes países importadores de alimentos.
Há muito que o agronegócio brasileiro se ressentia de uma política de comércio exterior mais competente e estruturada, compatível com sua importância no mercado internacional.
Podemos alcançar, em curto espaço de tempo, um novo patamar no comércio exterior, ampliando nossas exportações, com a incorporação de maior valor agregado aos nossos produtos. Dessa forma, estaremos impulsionando o desenvolvimento de uma robusta agroindústria, com maior geração de empregos e riquezas para o país.
Precisamos estimular a expansão dos mecanismos de rastreabilidade e certificação de produtos, com selos de sustentabilidade e denominação de origem. Assim, conquistaremos mercados mais sofisticados, com produtos de maior valor no mercado internacional.
Há muito o que fazer para ajustar a economia e colocar o país em uma trajetória de crescimento sustentável. O bom senso econômico sugere que se dê prioridade ao desenvolvimento de nosso agronegócio, onde temos eficiência e competitividade comprovadas.
*Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura