O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, ressaltou ontem (14/04) a preocupação do setor produtivo com escassez de milho no Brasil, enquanto os embarques para outros países continuam elevados, reduzindo a capacidade de abastecimento do mercado interno.
Turra destaca, em especial, o fluxo de grãos que segue para abastecer agroindústrias de aves e de suínos dos Estados Unidos, apesar das boas safras colhidas e da grande oferta existente nos silos daquele país. Conforme informações do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) circuladas na imprensa internacional, o país deverá importar 1,27 milhão de toneladas de milho, volume 56% superior ao registrado na safra anterior. Os países da América do Sul serão os grandes fornecedores.
“O cenário cambial tornou atrativo importar milho do Brasil e da Argentina. Temos uma bela safra à vista, mas a ‘evasão’ do insumo está se transformando em um problema grave para o nosso setor. Enquanto enfrentamos escassez por aqui, vemos situações como a dos Estados Unidos, que é o grande concorrente internacional do Brasil nas exportações de carne de frango e vive uma ‘super’ oferta em seus silos. Isto, ao mesmo tempo em que aumenta as importações do grão produzido no campo brasileiro, sob protesto dos produtores americanos do cereal. Por este motivo, as ações que facilitem nosso acesso aos insumos vêm se tornando emergenciais”, explica o presidente da ABPA.
Turra destaca o esforço realizado pela ministra Kátia Abreu para diminuir os impactos sofridos pelos produtores de aves e de suínos em meio a este cenário, como é o caso da proposta elaborada pelo Ministério de Agricultura para a desoneração de PIS e Cofins sobre o milho importado – proposta que não foi aceita pela Receita Federal.
“A Ministra Kátia Abreu apresentou um documento aprofundado que demonstrava a necessidade do setor produtivo pela importação desonerada, mesmo que em um período transitório. Infelizmente, faltou compreensão por parte da Receita Federal. Esperamos, agora, que o pedido de desoneração da alíquota de 8% para importação de milho que a ministra apresentou à Camex seja aprovado”, completa Turra.
O Ministério da Agricultura tem promovido outras ações para buscar equilibrar o mercado, como leilões de estoques. “Infelizmente, o preço do milho continua elevado. Temos relatos de associados nossos sobre casos de intermediários entregando o milho no porto por R$ 32,00 a saca para cumprir contratos anteriormente firmados de venda futura, enquanto para as agroindústrias brasileiras o preço chega a R$ 50,00. Está na hora do Brasil iniciar um acompanhamento dos contratos futuros, à exemplo do que faz os Estados Unidos, considerando que este é um cereal estratégico para o país. Precisamos manter ambas as cadeias saudáveis (de cereais e de proteínas) para sustentabilidade dos negócios”, alerta o presidente da ABPA.