O aproveitamento de dejetos suínos para a geração de energia elétrica é mais uma técnica sustentável que reduz a emissão de gases do efeito estufa, preserva a qualidade do solo e pode aumentar a renda do produtor rural. A biodigestão gera energia elétrica ou térmica, na forma de biogás, para abastecer toda a propriedade e, assim, reduzir custos, se tornando uma alternativa de renda mensal para o suinocultor. A tecnologia faz parte do projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Tecnologias do projeto foram analisadas pelo Grupo Técnico da Comissão Nacional de Aves e Suínos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), na segunda-feira (27/06), em Brasília. Os participantes debateram os desafios e entraves que os pequenos e médios produtores identificaram para implantar técnicas sustentáveis em suas granjas. A falta de recursos tecnológicos para pequena escala de produção e a base legal que incentive a comercialização da energia elétrica excedente foram destacadas na reunião. “As resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) já evoluíram, porém ainda está aquém das necessidades do setor”, afirmou o assessor técnico da Comissão, Victor Ayres.
Dentre as soluções tecnológicas mais apropriadas para o tratamento de dejetos na suinocultura brasileira, está a biodigestão. O produtor precisa instalar um biodigestor anaeróbico, equipamento que funciona como um reator químico, no qual bactérias digerem a matéria orgânica e produzem o biogás, que é usado como combustível em substituição ao gás natural. De acordo com Victor Ayres, a falta de informações sobre a viabilidade da técnica dificulta o acesso às linhas de crédito do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC). “Preocupado com essa situação, o setor tem discutido formas de auxiliar o produtor a investir em soluções tecnológicas para o tratamento de dejetos, como políticas públicas, e financiamentos”, explicou.
Para o fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Sidney Medeiros, todos os produtores de suínos precisam ter acesso a essa tecnologia, pois mesmo os que produzem energia elétrica em pouca quantidade ainda têm redução de custos. “O biogás gerado pode ser usado na cozinha (granja e residência), no aquecimento dos animais e da água de lavagem das instalações e, ainda, em secadores de grãos ou caldeiras de fábrica de rações”, destacou Sidney.
Em maio, o Ministério da Agricultura lançou uma cartilha para auxiliar o produtor a gerar renda a partir dos resíduos e reduzir os custos de produção, bem como diminuir os efeitos na atmosfera de gases como o metano. Na publicação, o suinocultor pode se informar sobre o uso racional da ração, da água e técnicas de produção de energia e biofertilizantes – como a cama sobreposta – e de separação dos dejetos. A cartilha é resultado da parceria do Mapa, com o IICA, Embrapa Suínos e Aves e Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).