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Investimento

Produtores trocam frangos por patos

Com uma produção que exige menos cuidados, se comparado ao frango, produtores rurais investem nesta alternativa para obter melhor rentabilidade

Produtores trocam frangos por patos

Avicultura

Aves mais tolerantes às variações de temperatura, praticamente imunes a doenças que acometem os lotes de frango, o pato tem sido uma opção para os produtores de aves do Sul do País. Caracterizado como um animal de fácil produção, pequenos produtores de Santa Catarina estão trocando a criação de frangos por patos – o principal motivo, sem dúvida, é o bom preço oferecido pelo mercado que faz sorrir quem apostou neste investimento. 

O mercado de patos por si só já é bem especializado já que atende a um nicho de mercado. Portanto, a qualidade do produto tanto sanitariamente como visualmente são fatores muito importantes. De maneira geral, os cuidados necessários para a criação são menores que os do frango, sendo a ave bem mais rústica a ambiente e sanidade, que não requer investimentos maiores para se ter alta performance – como é necessário para o frango – onde o produtor pode atender seu tempo a outras produções (que não pecuárias ou avícolas) sem prejudicar o lote.

Com a saída da integradora BRF da região de Taió, em Santa Catarina, em 2013, produtores da região tiveram que encontrar outra alternativa para manter o sustento da família.  Aldo Keiner, produtor há 32 anos, conta que chegou a ficar três anos com a granja vazia. “Depois que a empresa saiu de Taió ficamos sem produzir. Foi então que soubemos de uma empresa que precisava de produtores de patos e decidimos recomeçar”, relata o produtor.

A media de custo da produção (por unidade) que um produtor pode obter de receita por ave criada está em R$ 0,92, onde alguns chegam a receber acima de R$ 1,10, sendo o animal abatido com 42 dias de idade. “Dia cinco de novembro de 2015 entregamos um lote de cerca de 7 mil patos. Posso dizer que em termos de rentabilidade dá mais que o frango”, diz o produtor satisfeito com o retorno financeiro que a produção oferece. 

Integração

 Marcondes Aurélio Moser, diretor de operações (COO) da Villa Germania

Maior produtora e exportadora de patos da América Latina, a Villa Germania foi fundada em 1996 e, atualmente, conta com 60 famílias que produzem patos de pequim para a empresa.  Marcondes Aurélio Moser, diretor de operações (COO), conta que desde o início o grupo voltou-se para integrar sua produção com produtores locais, “pois em Santa Catarina, pelo fato de ser o berço do sistema de integração em avicultura, foi a vantagem competitiva e ponte principal  para aderir a este sistema e se ter êxito”, esclarece. “Temos três regiões principais: Planalto Norte, Região do Vale do Itajaí e do Alto Vale do Itajaí”. 

Moser conta que a empresa fornece patinhos de um dia, rações e assistência técnica. “O produtor rural deve prover, além da mão de obra, todos os outros insumos e gastos para produção (maravalha, energia elétrica, entre outros), bem como os investimentos e manutenções nos galpões e equipamentos”, explica quando questionado sobre a parceria integradora e integrado. Dessa forma, cada integrado produz em média 7 mil aves por galpão. “Hoje temos uma abate de 10 mil patos por dia e um projeto para chegar a 25.000 patos por dia.”

De acordo com o relatório da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o ano de 2015 apresentou números históricos quanto a exportação da carne de pato, alcançando uma receita de US$ 7.637 milhões; sendo o estado de Santa Catarina responsável por 99,5% dessa produção. “Os nossos produtos (Villa Germânia) são destinados para 20 países diferentes, com destaque para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Japão. No Oriente Médio a empresa é líder de mercado. Nos mercados que atuamos, nossos maiores concorrentes são Tailândia, Alemanha, Holanda e Hungria.”, destaca Marcondes.

Para diretor, um fator de igual relevância na troca da cultura de frangos para patos está na migração das grandes integradoras de frango para regiões de maior escala produtiva e até mais perto das regiões produtoras de grãos (milho e soja).  “Mas, no momento que o produtor começa a trabalhar com o pato e faz conta, ele sente no bolso que é uma atividade efetivamente com  viabilidade econômica para a propriedade rural. Longe de querer concorrer com a produção de frango, mas certamente hoje é uma alternativa a esta”, entende o representante da Villa Germânia.

Por se tratar de uma empresa totalmente verticalizada em sua produção, ou seja, importa as matrizes de patos tanto da CarnesFrança como na Inglaterra, produz os ovos, incuba e depois terceiriza a criação com os produtores integrados, e finalmente o abate e comercialização, toda a produção é canalizada para atender o que o mercado demanda. “De toda forma, a empresa dosa sua produção conforme a demanda do mercado interno.  Mas, olhando num horizonte, apostamos no crescimento do consumo da saborosa carne de pato, cujo as vendas, por maiores que sejam as crises, acusa crescimento em vendas em 2016 na ordem de 9%”, relata Marcondes. “Pelo fato de exportar, pode-se também controlar melhor a disponibilidade de produtos para o mercado interno também em momentos de indicação de aumento de demanda”, acrescenta.

Para Marcondes, a razão de produzir pato é sua demanda na ponta final, o consumidor. “Este está em busca de novas opções de proteína e evoluindo, até gastronomicamente falando. A carne de pato tem um apelo tanto para culinária chinesa, germânica, francesa e brasileira. Com esse mercado em evolução, a empresa se organizou ao longo desses 20 anos e viabilizou então toda a cadeia produtiva, gerando rentabilidade também para o produtor rural”, concluí.