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Saúde Pública

Nocivos para plantações e humanos, Brasil se mobiliza para abate de javalis

Ibama autorizou o controle em todo o território brasileiro e grupos de abate oferecem apoio no combate ao animal

Nocivos para plantações e humanos, Brasil se mobiliza para abate de javalis

O aumento populacional descontrolado do javali ou javaporco (cruzamento do javali selvagem com o porco doméstico) tem causado graves prejuízos ambientais, econômicos e é considerado por especialistas uma ameaça à saúde da população em todo o território nacional. Para conter o impacto da presença do animal nos biomas brasileiros, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou, em 2013, a caça da espécie no Brasil.

O javali é originário da Europa, o animal foi introduzido no Brasil com autorização do Instituto para a criação no fim da década de 1980 e início de 1990. Há relatos de criatórios para fins comerciais, mas a maioria não conseguiu atender as exigências do instituto e tiveram frustrações no mercado de carne de alto valor desistindo da atividade e pulverizando suas matrizes. Esses criadores menores passaram a cruzar estes animais, criando os híbridos javaporcos, ainda mais prolíficos, de maior porte e mais danosos ao meio ambiente. 

Rafael Augusto Saleto é engenheiro agrônomo e membro do grupo Desde 1995 o órgão ambiental vem criando regulamentações ao controle de javalis, hora permitindo hora proibindo (resumo dessas regulamentações http://pt.slideshare.net/agrosalerno/histrico-do-controle-do-javali-no-brasil-rafael-salerno). Foram quase 20 anos até a publicação da IN 03/2013 do Ibama que regulamentou o controle de javalis em nível nacional.  Para o engenheiro agrônomo Rafael Augusto Saleto, “até hoje, mesmo nesta norma, o Ibama mira no alvo errado buscando controlar mais os potenciais controladores/caçadores do que os javalis e suas infestações.” 

Atualmente no Brasil há poucos estados onde ainda se temos registros de javalis. De acordo com o Ibama, a presença do animal já foi registrada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Roraima, Tocantins, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Prejuízos

Os prejuízos causados por esses animais, que possuem como características a rápida reprodução e agressividade, são diversos incluindo danos na agricultura e pecuária que chegam a inviabilizar a permanência dos produtores rurais no campo, ataques à moradores rurais e suas criações incluindo cães, destruição de matas e banhados, a destruição e contaminação de nascentes, cursos d’água e fontes de abastecimento de comunidades inteiras. “Em Minas Gerais até a mata de entorno do maior reservatório de abastecimento de Belo Horizonte, de responsabilidade da Copasa, está cheia de javalis”, conta o Saleto. 

Além de possíveis ataques diretos onde alguns casos levaram a óbitos e acidentes em estradas, que também registraram vítimas fatais, segundo o engenheiro os javalis são potenciais transmissores de mais de 30 doenças e parasitoses que vão desde aftosa, brucelose até hepatite, raiva e tuberculose.  “É aí que mora talvez o maior risco para o País e Estados líderes na produção de suínos, como Santa Catarina, que depende da suinocultura para mais de 1/5 do seu PIB, qualquer surto sanitário poderia arrasar a economia do estado como um todo, com sérias consequências sociais”, explica Saleto.  

Essa preocupação foi determinante para que o Senado Federal promovesse uma Audiência Pública para tratar o assunto na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária. “Nessa audiência reforçamos nosso reconhecimento do javali como espécie nociva, sendo praga agrícola e ambiental, reiteramos nosso pleito pela liberação do abate para controle sem quaisquer exigências burocráticas como registros ou relatórios, e ainda solicitamos que seja permitido o aproveitamento comercial do produto desses abates”, conta o representante mineiro que também atua no combate ao animal. “Hoje, para termos uma ideia, há empresas na Austrália que processam mil javalis abatidos em vida livre por semana e exporta tudo para França e Alemanha, e afirmam que poderiam vender até 20 mil peças por mês só não tem exportado mais por falta de caçadores registrados”, revela.

Como engenheiro agrônomo, tendo vivência nos Estados Unidos, Rafael Augusto, sabia que rapidamente esta espécie seria incontrolável em país. Mas, com a autorização de caça, o profissional entende que haverá mais chances controle. “Principalmente para os produtores rurais dessas novas áreas afetadas, que terão a chance de controlar essa praga sem incorrer no risco de cometer um crime ambiental, ainda que, a nosso ver, não devesse haver qualquer exigência burocrática para o combate de uma praga agrícola e ambiental no ambiente rural”, avalia. 

Atualmente no Brasil há poucos estados onde ainda se temos registros de javalis (Foto: Reprodução / Aqui tem Javali)

Controle

O engenheiro faz parte do grupo de caça “Aqui tem Javali”, que atua disseminando informação sobre o controle junto aos produtores rurais e colaborando para que os controladores possam se regularizar junto ao Ibama e Exército. “Em casos de propriedades maiores prestamos assessoria no controle para reduzir os danos que chegam em alguns casos a ultrapassar a cifra de milhões de reais. Inclusive como agrônomo e junto com parceiros já estamos atuando em casos de danos na agricultura com outras espécies como queixadas, capivaras, lebres, pombas e maritacas”, diz. Para saber mais sobre a ação do grupo de caça acesse o site http://www.aquitemjavali.com.br/ 

Para que o controle do animal, o Ibama exige a inscrição no Cadastro Técnico Federal e prestação de relatório trimestral para emissão de um Certificado de Regularidade-CR, que é de porte obrigatório no momento da realização do controle de javali. Para o uso de arma de fogo é necessário obter um registro junto ao exército e pra isso o requerente precisa ser maior de 25 anos, não ter antecedentes criminais, passar por curso, teste de tiro e exame psicológico, além de obrigatoriamente estar filiado a um clube de tiro e ter que provar que possui um local seguro em sua residência para guarda de armas e munições, “não seria um processo difícil, mas é lento, complexo e oneroso, o que limita muito a adesão de novos caçadores. A forma adotada pelo Ibama, de cadastro pela internet e apresentação trimestral de relatórios ainda é restritiva para quase totalidade dos habitantes de propriedades rurais”, enfatiza agrônomo . 

Procedimentos para manejo do javali em território nacional   http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas-fauna-silvestre/procedimentos-para-manejo-do-javali-em-territorio-nacional 

Equipe de Controladores de Araxá, associados hoje no Canil Araxá que conta com mais de 60 cães no plantel com raças (Foto: Reprodução - Aqui tem javali)