Popular no cotidiano e no paladar dos brasileiros, o frango caipira conquistou o apetite muçulmano. A Frango Caipira do Campo, de Ivaiporã, no Norte do Paraná, acaba de receber a certificação halal, que abre as portas para a venda aos clientes que seguem os preceitos do islamismo. Com ajustes na linha de produção, a empresa utiliza o investimento como estratégia para ganhar espaço em um nicho de mercado pouco explorado, mantendo o otimismo nas vendas mesmo no ambiente de incerteza da economia nacional.
Ao contrário de outros frigoríficos, que obtém a certificação mirando o mercado externo, a empresa aposta em ganho de participação nas vendas locais, explica o sócio-proprietário do negócio, Marcos Batista. “O mercado interno não oferece muitas opções para o consumidor do produto halal. Percebemos que havia demanda e fomos buscar mais informações”, revela. Uma auditoria apontou as mudanças que precisavam ser feitas no frigorífico, em um processo de adaptação que durou cerca de um ano. A meta, indica Batista, é que a operação fique a todo vapor em trinta dias.
O frango halal é produzido dentro de protocolos específicos condizentes com a lei islâmica. O abate precisa ser obrigatoriamente feito por um muçulmano e, no momento da morte dos animais, o peito do frango precisa estar voltado em direção à Meca – cidade sagrada para os muçulmanos. É preciso que seja feito um corte preciso no pescoço, que garanta morte instantânea e indolor para os animais. A frase “Em nome de Deus, o mais Bondoso, o mais Misericordioso” tem de ser invocada antes do ato.
Caipira e natural
Embora tenha apelo popular, na prática o frango caipira ganha status de carne nobre, explica Batista. No método adotado pela empresa a criação das aves é quase artesanal, com animais soltos e alimentação baseada em verduras, legumes, grãos de milho e farelo de soja. As galinhas são raça de origem francesa Label Rouge, que possuem uma carcaça maior e rende menor carne, o que ajuda a conferir melhor sabor e textura para a proteína.
Enquanto nas granjas convencionais os frangos comem 1,7 quilo de ração para ganhar 1 quilo de peso, na produção caipira as aves consomem até 3 quilos de alimento para obter a mesma engorda. Com isso, os custos de produção são mais elevados do que na produção convencional, o que acaba encarecendo o produto final. “O diferencial é que as aves são criadas em um conceito diferente, com maior liberdade e um apelo ecológico mais forte”, detalha Batista. Em média 5 mil frangos são abatidos por dia pela empresa.
A sanidade também é prioridade nesse modelo de produção. “Há um cuidado imenso para que o frango caipira não seja um bode expiatório em uma eventual doença que aparece no estado”, exemplifica Batista, reforçando que a empresa segue as mesmas normas vigentes nos aviários e frigoríficos convencionais.