O governo federal estuda reduzir os depósitos que os bancos são obrigados a recolher diariamente aos cofres do Banco Central como forma de ampliar o volume de recursos disponíveis para o agronegócio, disseram à Reuters duas fontes a par do assunto.
“É bem provável que saia. É um setor que já não responde como antes, mas tem tido um desempenho ainda superior a outros setores da economia”, disse uma fonte com conhecimento das discussões, falando em condição de anonimato.
O governo recebeu sinalização positiva de representantes do próprio setor financeiro, disse uma das fontes. Isso porque parte dos recursos para o agronegócio vem dos depósitos à vista, que têm diminuído em função da crise econômica.
Mas o governo tem tratado o assunto com cuidado e ainda não bateu o martelo a favor da flexibilização por duas razões, disse a mesma fonte. Uma delas é a forma de comunicar a decisão, para evitar críticas de que está praticando expansão monetária.
A outra é para certificar-se de que os recursos que seriam liberados com a redução do compulsório bancário iriam mesmo para o agronegócio em vez de os bancos usarem-nos para aplicar em títulos públicos.
Procurado, o BC não comentou o assunto
A iniciativa é debatida num momento em que o setor agrícola tem conseguido escapar da recessão. No segundo trimestre, a atividade agropecuária teve expansão de 1,8 por cento sobre igual período de 2014, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 2,6 por cento na mesma comparação.
Ainda assim, produtores vêm relatando dificuldade na análise de crédito para financiamento, num momento de juros mais altos e bancos mais restritivos na concessão de empréstimos.
Em julho, primeiro mês de vigência do Plano Safra 2015/2016, a concessão de crédito rural para pessoas jurídicas teve queda de 36,8 por cento sobre junho, a 4,4 bilhões de reais, segundo dados mais recentes do BC.
Produtores rurais e bancos vinham travando uma disputa de bastidores, com os primeiros tentando antecipar a tomada de recursos, enquanto os últimos tentando a atrasar o processo de análise de financiamentos para cobrar taxas maiores.
Para pessoas físicas, houve um incremento na mesma base de 10,2 por cento, a 7,3 bilhões de reais.
De olho na demanda por crédito do setor, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou no fim de maio alteração no depósito compulsório referente à poupança rural para a liberação direcionada de 2,5 bilhões de reais.
Ao mesmo tempo, o BC anunciou alíquota maior o compulsório sobre depósitos a prazo, buscando a neutralidade monetária em um momento em que combate a inflação com juros mais altos.