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Safra desafia intempéries e ruma para recorde

A escassez de chuvas dificilmente será suficiente para tirar a colheita de grãos do país do caminho de um novo recorde histórico nesta temporada 2013/14.

Safra desafia intempéries e ruma para recorde

A escassez de chuvas que tem prejudicado a produção agrícola em parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste do país desde o fim do ano passado continuará a ser um problema na maior parte deste mês de fevereiro, mas tende a arrefecer nos meses de março e abril e dificilmente será suficiente para tirar a colheita de grãos do país do caminho de um novo recorde histórico nesta temporada 2013/14.

Ao mesmo tempo, as condições meteorológicas permanecem em geral favoráveis na maior parte dos polos de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul. Isso pode deixar espaço para que a safra se aproxime um pouco mais da marca de 200 milhões de toneladas, número que se tornou menos provável em consequência da recentes intempéries e da confirmação da redução das apostas na segunda safra de milho, cujas cotações desestimularam a semeadura.

Em levantamento divulgado ontem, a Conab confirmou informação adiantada na segunda-feira pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, e passou a prever a produção brasileira de grãos em 193,6 milhões de toneladas. Trata-se de um volume 1,6% menor que o previsto em janeiro, mas ainda 3,6% superior ao do ciclo 2012/13, até agora o maior já registrado. Segundo o IBGE, serão 193,9 milhões. Nos dois casos, poderá haver novas revisões para baixo em decorrência de problemas identificados neste início de fevereiro.

A colheita é encabeçada pela soja, que deverá render o recorde de 90 milhões de toneladas, mesmo patamar estimado em janeiro e 10,4% mais que na safra passada. Se confirmado, esse volume deverá colocar o Brasil na liderança global da produção da oleaginosa pela primeira vez, à frente dos Estados Unidos. Em Mato Grosso, a produção deverá crescer 11,5% e chegar a 26,2 milhões de toneladas. No Centro-Oeste como um todo, a previsão é de alta de 10,4%, para 42,1 milhões de toneladas.

As boas perspectivas para a soja em Mato Grosso levaram a presidente Dilma Rousseff a participar ontem da cerimônia que marcou o início da colheita em Lucas do Rio Verde, um dos principais polos do Estado. Animados com a pujança agrícola de Lucas, a presidente e o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, projetaram para o término da temporada 95 milhões de toneladas de soja e 200 milhões de grãos em geral, mas manifestaram preocupação com a logística.

Nesta época do ano, em muitas estradas de Mato Grosso é possível cruzar com mais de duas dezenas de caminhões carregados com soja por minuto. Também presente ao evento, o ministro dos Transportes, César Borges, afirmou que Dilma voltou a cobrar a conclusão da BR 163 até Santarém, no Pará, até o fim de 2015, para facilitar o escoamento da safra do Estado pelo Norte, mais rápido e barato do que pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), que hoje concentram essa movimentação.

Se continua a avançar na soja, Mato Grosso pisou no freio no plantio de milho, concentrado na segunda safra. Conforme a Conab, a safrinha do cereal no Estado deverá ocupar 3,2 milhões de hectares, 5,8% menos que em 2012/13, e a colheita tende a cair 14,4%, para 16,6 milhões de toneladas. Com essa queda, a autarquia passou a projetar a segunda safra de milho do país em 42,8 milhões de toneladas, recuo de 7,2%. Somadas as safras de verão de inverno, a produção brasileira está projetada em 75,5 milhões de toneladas, volume 6,8% menor que o de 2012/13.

O espaço deixado pelo milho na segunda safra mato-grossense está sendo ocupado pelo algodão, em uma migração fundamental para o salto previsto para a produção da pluma no Brasil em 2013. De acordo com a Conab, a colheita do produto renderá 1,6 milhão de toneladas, 25,3% a mais que em 2012/13.

Outra boa notícia para o governo neste ano eleitoral, desta feita do ponto de vista inflacionário, veio com a confirmação de incrementos na produção de arroz e feijão. No primeiro caso, a colheita deverá somar 12,5 milhões de toneladas, 5,9% mais; no segundo, o aumento previsto é de 21,7%, para 3,4 milhões de toneladas. Essa forte variação também reflete um ajuste para baixo feito pela Conab para a área plantada com feijão na temporada passada, que estava superdimensionada.