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Russa PhosAgro terá trading na América Latina

Em 2013, a PhosAgro exportou ao Brasil 800 mil toneladas, que geraram receita de pelo menos US$ 400 milhões.

Russian Flag — Image by © Royalty-Free/Corbis
Russian Flag — Image by © Royalty-Free/Corbis

A companhia russa PhosAgro, segunda maior produtora global de fertilizantes derivados do fosfato, planeja estabelecer sua própria “trading” na América Latina para comercializar diretamente seus produtos na região, revelou Andrey Guryev, CEO da empresa, ao Valor.

Apesar da prudência do executivo, que aguarda a definição de alguns detalhes para anunciar oficialmente a novidade, considera-se em Moscou que a “trading” deverá ficar no Brasil, um dos maiores mercados da PhosAgro. As exportações da empresa ao mercado brasileiro, um dos maiores importadores de fertilizantes do mundo, representaram 13% de seu faturamento global em 2013.

“O Brasil é um dos mercados mais importantes para nós e estamos muito otimistas sobre o futuro de sua agricultura”, disse Guryev. “Começamos a produzir novas categorias de fertilizantes em resposta à demanda de consumidores no país”.

Em 2013, a PhosAgro exportou ao Brasil 800 mil toneladas, que geraram receita de pelo menos US$ 400 milhões. O país absorveu mais da metade dos embarques para a América Latina, que alcançaram 1,5 milhão de toneladas e representaram 25% das vendas globais. “Estamos otimistas sobre vários cultivos-chave no Brasil, como milho e soja, e vemos em geral forte crescimento para a demanda por nossos produtos”, disse o executivo. “O crescimento da população e a redução de terra arável per capita significam que os agricultores precisam produzir mais por hectare para atender à demanda. E o aumento do padrão de vida em várias parte do mundo está levando a um crescimento do consumo de carnes. Tudo isso requer insumos”.

Os planos de expansão da companhia no Brasil “coincidem” com o encontro do presidente Vladimir Putin hoje com a presidente Dilma Rousseff, quando os dois governos vão reafirmar o objetivo de tentar chegar logo ao montante de US$ 10 bilhões em trocas comerciais. O comércio bilateral já chegou a US$ 8 bilhões, mas caiu a US$ 6 bilhões em virtude da crise economica global.

A companhia russa segue a tendência de outras grandes companhias de fertilizantes, que têm montado operações diretas no Brasil e na América Latina para agilizar as vendas e elevar margens. Mas nem tudo são flores. A PhosAgro reclama que o Brasil impõe tarifa de 6% sobre a entrada de seu fosfato diamônico (DAP), fertilizante à base de fosfato mais produzido no mundo. “Isso é injusto, nossos produtos estão entre os mais puros e de melhor qualidade no mundo” afirmou Guryev.

O executivo reclama que a alíquota que foi estabelecida pelo Brasil torna seu produto menos competitivo do que concorrentes americanos. Ele afirma não compreender porque os agricultores ou consumidores de alimentos no Brasil se beneficiariam dessa situação, já que acredita que seus produtos são mais seguros.

As companhias russas de fertilizantes tiveram os lucros afetados em 2013 por condições meteorológicas adversas e pela quebra da aliança entre Rússia e Belarus nas vendas de potássio, que sacudiu o mercado global de fertilizantes. A Uralkali e a Belaruskali eram parceiras na venda de potássio, com mais de 40% do mercado mundial.

Guryev diz que, ainda assim, a receita de sua empresa subiu para cerca de US$ 3,2 bilhões e a margem Ebitda seguiu em 23%. Para 2014, a companhia espera uma melhora geral, com uma demanda na América Latina particularmente forte. O mercado financeiro também aposta nisso. As ações da PhosAgro já subiram 32% este ano, uma alta recorde.

Guryev aposta que tem vantagens. Diz que a PhosAgro já é o numero um global na produção de fosfato de rocha de alta qualidade. A empresa está investindo para ampliar a produção. O foco é melhorar a eficiência energética em uma nova linha de amônia com capacidade para 760 mil toneladas por ano. Como a amônia é outra matéria-prima para vários fertilizantes, servirá de base para a empresa aumentar a produção de produtos com mais valor agregado, ao invés de vender fosfato de menor preço para o mercado.