A suinocultura brasileira deve ingressar em um novo ciclo de lucratividade. A combinação entre expectativa de safra recorde nos Estados Unidos, limitação de oferta de suínos no Brasil, a ocorrência de problemas sanitários em importantes players da suinocultura mundial, aliado às sanções econômico-comerciais impostas à Rússia, por conta da crise geopolítica que o país enfrenta com a Ucrânia, tem aberto importantes e promissoras oportunidades para o setor suinícola brasileiro.
Inédito, esse cenário indica que o suinocultor brasileiro poderá valer-se de um período excepcional de rentabilidade nos próximos dois anos. Essa é, em síntese, a conclusão a que se pode chegar depois da apresentação do economista e engenheiro agrônomo Alexandre Mendonça de Barros, realizada dia 28/08, durante o 11º Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC Génétiporc. “Trata-se de um momento raro. Os astros parecem estar alinhados para os produtores de suínos. A combinação de todos esses fatores vai permitir aos suinocultores brasileiros viver uma fase excepcional em 2014 e, muito provavelmente em 2015”, afirma Mendonça de Barros.
Mercado interno
De acordo com Mendonça de Barros, soma-se a esse cenário a relação da carne suína com suas concorrentes, em especial a carne bovina. Segundo o especialista, o setor de bovinocultura atravessa um momento de desequilíbrio. O drástico recuo na oferta da proteína nos três principais fornecedores mundiais – Estados Unidos, Brasil e Austrália – tem sustentado os preços da carne bovina em patamares elevados, favorecendo o consumo de carne suína. “Nos Estados Unidos os preços da carne bovina são os mais altos da história. Existe no mercado norte-americano uma substituição forte de carne bovina pela carne suína e esse cenário também favorece a suinocultura”.
Mercado externo
No front externo as perspectivas não são menos promissoras. Os surtos de Diarreia Epidêmica Suína (PED), nos Estados Unidos reduziu a oferta norte-americana e, principalmente, a capacidade exportadora do país, abrindo oportunidades para o Brasil no mercado internacional. “E para completar esse quadro há as sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos e União Europeia à Rússia, por conta da crise geopolítica entre o país e a Ucrânia, que abre uma janela de oportunidades de compra para o Brasil sem precedentes”, observa o analista. Segundo Mendonça de Barros, somente em 2013 a Rússia importou 620 mil toneladas de carne suína, tendo a União Europeia como seu principal fornecedor. “Todas essas variáveis formam um alinhamento inédito que dará ao suinocultor brasileiro condições de viver um período excepcional. Cabe a ele aproveitar as oportunidades e se capitalizar”, finaliza.
O Seminário
Promovido pela Agroceres PIC Génétiporc, o Seminário Internacional de Suinocultura foi realizado no Costão do Santinho Resort Golf Spa, em Florianópolis (SC). Cerca de 450 pessoas, entre suinocultores independentes, integrados, dirigentes, técnicos de cooperativas e agroindústrias, consultores do mercado, profissionais de outras empresas que atuam no segmento participaram do evento. Realizado há 20 anos, o Seminário Internacional Suinocultura se caracteriza principalmente pelo debate de questões econômico-conjunturais e de mercado, além de temas relacionados à gestão. Por intermédio de painéis e apresentações ministradas por especialistas, o evento é referência em apontar tendências e indicar cenários futuros para o setor suinícola.