A agropecuária brasileira segue nos radares dos investidores estrangeiros, que têm marcado presença através de operações de fusão e aquisição. Entretanto, a falta de clareza em alguns setores, a política adotada no País e a estimativa de margens baixas nas commodities devem impor cautela a estes investimentos em 2015.
De acordo com dados consolidados pelo Rabobank, em 2013, 60% das transações de fusões e aquisições no País assessoradas e concluídas pelo banco foram realizadas com participação de companhias internacionais, principalmente as norte-americanas ou asiáticas.
“O segmento de fertilizantes líquidos, por exemplo, apresenta um crescimento expressivo. Mesmo sendo um nicho relativamente pequeno, ele vem atraindo muitos investimentos estratégicos”, diz o especialista em Mergers & Acquisitions do Rabobank, Rodolfo Hirsch. O sócio da Demarest Advogados no segmento de Agronegócios, Renato Buranello, acrescenta que a área de insumos agrícolas como um todo, assim como as de sementes e grãos tendem a conseguir boas oportunidades no mercado investidor.
Cautela
Outra questão que pode reduzir a vinda de estrangeiros é expectativa de queda nas margens de preço e rentabilidade das commodities. Para o sócio da GO Associados, Fábio Silveira, este recuo nos rendimentos da produção vai impactar negativamente no próximo ano.
“Será necessário controle de custos e cautela. Tivemos situações de excelentes captações de renda, produção e área plantada. Agora entraremos em um ano de ajustes”, explica o executivo da GO Associados.
Investimento direto
Dados do Banco Central mostram que o capital direto investido na agropecuária passou de US$ 559 mi, em 2013, para US$ 193 mi no comparativo anual para o acumulado do ano até setembro. Isso devido a uma limitação do governo federal para aquisição de terras por estrangeiros.
“Isso precisa ser revisto para que tenhamos acesso a investimentos maiores. Esta é uma das coisas que trava o capital de entrar no País”, critica o presidente da SRB.
Diante disso, o capital fica limitado à entrada através de companhias do setor. Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mauro Lopes, este fator viabilizou a participação externa indireta e favoreceu a exploração de grãos, insumos e alimentos processados, como as carnes.