Produtores de suínos do Rio Grande do Sul comemoram o bom momento do setor. A comercialização cresce cerca de 4% ao ano no estado, um dos três maiores produtores do país, como mostra a reportagem do Campo e Lavoura.
A suinocultura vive um bom momento em todo o país. Estudos e investimentos colocam o Brasil em quarto lugar no ranking de produção e exportação de carne suína. A situação favorável vem principalmente de fatores como sanidade animal, nutrição, bom manejo da granja e, principalmente, do aprimoramento gerencial dos produtores.
O produtor Clairton Schardong é um bom exemplo disso. Ele mora em Santo Cristo, segundo município com maior produção no estado. Engenheiro agrônomo, resolveu conciliar os conhecimentos técnicos com a produção de suínos há 12 anos. Ele aposta na tecnologia para gerenciar a propriedade e controlar a comercialização de quase 500 leitões por semana.
“Na verdade, passamos uma grande crise no ano de 2012 por uma questão mercadológica de altos preços de grãos e baixos preços de suíno. E isso se inverteu nesse momento. Então hoje vivemos um bom momento, a suinocultura vive um bom momento e geralmente estamos bastante satisfeitos com os preços praticados nesse momento”, diz o suinocultor.
Barreiras comerciais entre países da Ásia, Europa e América do Norte favorecem a valorização do produto no mercado interno. O conflito entre Ucrânia e Rússia, por exemplo, fez que este país boicotasse a importação de carne suína de países da Europa e dos Estados Unidos, abrindo o mercado para a carne brasileira.
Mesmo que o momento seja de grandes lucros no setor, os produtores precisam ficar atentos a grandes investimentos. “Todo mundo deve ter consciência, se aumentar muito os plantéis hoje, amanhã vai ter superprodução. Tendo superprodução não vamos ter preços bons, então é importante que cada um faça sua parte. Para que aumentar os plantéis se nós estamos com boa lucratividade?”, questiona o produtor.
O preço pago pelo quilo do suíno vivo ao produtor independente, que é aquele que arca com todos os custos de produção e vende o porco diretamente no mercado, está, em média, em R$ 4,88 no Rio Grande do Sul, um aumento de R$ 0,04 em relação ao mês passado. Para o produtor integrado do setor agroindustrial, o valor fica em R$ 3,47, R$ 0,06 a mais.
O momento anima suinocultores como Marino Birck. Ele cria cerca de 1,1 mil porcos em Santo Cristo com uma produção de 600 leitões por semana. O criador aposta no ciclo completo, ou seja, tem todos os estágios da criação. “O suíno hoje realmente está bem valorizado. Os frigoríficos tão procurando bastante, principalmente os frigoríficos exportadores. Os insumos estão bastante ajustados, deu uma cedida no milho principalmente e no farelo. Isso acaba ficando um pouco melhor para o produtor”, diz.
A principal dificuldade para os criadores é a mão de obra. Os animais precisam ser acompanhados todo momento. Trabalho considerado muitas vezes difícil, principalmente pelo mau cheiro dos animais. “O maior problema que a gente está vendo mais para o futuro é pessoal. Está cada vez mais difícil arrumar pessoas para lidar com a suinocultura. Mas eu acredito que tudo é questão de você escolher a profissão. A suinocultura está remunerando bem o funcionário hoje”, garante Birck.