Todo debate travado sobre produção de alimentos e sua cadeia de produção constitui um passo importante para elevar os níveis de produtividade, qualidade e profissionalismo no campo. O II Seminário Agroceres de Economia e Negócios reuniu, em Patos de Minas, no interior de Minas Gerais, lideranças do setor e promoveu discussões sobre as principais perspectivas para a produção de alimentos, assim como seus desafios, além da importância da inovação e gestão no meio rural.
Enquanto o editor do Portal Café Brasil, Luciano Pires, defendia a importância de inovar explicando que o processo de inovação, o consultor da Agroconsult, André Pessoa, apresentava suas perspectivas para o agronegócio brasileiro, levando o público à percepção da necessidade de inovação para resolver alguns dos principais desafios da atividade, como os entraves logísticos e a característica sazonal da atividade.
Perspectivas para carnes e grãos
A expectativa de safra recorde de milho nos Estados Unidos e no Brasil deve contribuir com preços mais baixos dos grãos no segundo semestre, formando um cenário favorável para os produtores que precisam do cereal para produzir carne, defendeu Pessoa. “Este quadro significa barateamento da ração. Se esta perspectiva se concretizar, o pecuarista vai se beneficiar, neste segundo semestre, com a queda nos preços do milho em um período quando geralmente o preço sobe”, avalia o especialista alertando para uma mudança na formação de preços do grão. “Historicamente o milho é mais caro no segundo semestre e, no entanto, para este ano a previsão é de preços mais baixos nesta época em função da expectativa de colheita recorde da safrinha”, pondera.
Este quadro aliado à queda de preços da soja no mercado internacional deve estimular uma retomada de investimentos na suinocultura, especialmente se for concretizada a perspectiva de abertura de mercados, como o Japão e os Estados Unidos, para a carne suína brasileira, aposta o especialista. “Com os custos de produção mais baixos, pode haver mais investimentos no setor, contudo eles devem ocorrer com mais força em 2014. Ainda assim, a expectativa é positiva, de retomada de produção e de preços”.
Para a avicultura, o especialista pondera para o risco de um excesso de oferta estimulada pela euforia da queda nos custos de produção. “Esta atividade tende a reagir à queda no custo de produção com aumento de oferta”, ressalta Pessoa. Ele acredita no mesmo cenário para a produção de carne bovina. “Os preços mais baixos da ração estimula o confinamento de gado neste ano em relação ao ano passado”.
Para o produtor de milho brasileiro, a avaliação do consultor é de preços mais baixos no segundo semestre, pressionado pelas safras abundantes nos Estados Unidos e no Brasil. Contudo, ainda assim, ele acredita em ganhos para os produtores de soja e milho do país.
Logística
Este é o maior desafio do produtor brasileiro, destacou André Pessoa. “Equacionar rapidamente o problema de logística deve ser uma prioridade porque ele representa redução de competitividade para o país”. Ele alerta que a grande safra que devemos colher neste ano vai levar a um aumento dos estoques e a consequente pressão nos preços.
“Isso não aconteceria se pudéssemos exportar milho e soja ao mesmo tempo. Mas nossa capacidade logística só permite exportar milho a partir de junho. O período de março a setembro, anterior a safra americana, é o mais adequado para ofertar nosso milho no mercado internacional, mas perdemos mais da metade deste período de exportação porque nossos portos só conseguem atender a exportação de soja”.
O Evento
Em sua segunda edição, o encontro se consolida como referência em informações estratégicas para os produtores da região. O produtor de suínos de Patos de Minas, Valder Caixeta, destaca a importância de participar. “Além de palestras relevantes, este evento proporcionou uma troca de informação importante entre os produtores, o que contribui com o desenvolvimento da atividade”.
O II Seminário Agroceres de Economia e Negócios vem para reforçar os fortes laços históricos da empresa com a região de Patos de Minas, defende o diretor de Marketing do Grupo Agroceres, Vitor Vanetti de Araújo. “Desde a sua fundação, há quase 70 anos, a Agroceres vem fortalecendo as suas raízes plantadas pelo seu fundador, Antônio Secundino de São José, na região de Patos. Neste contexto, o seminário, realizado em parceria com o Sindicato Rural de Patos de Minas, mostra que esta relação tem auxiliado na geração de crescimento sustentável para os produtores e empresas da região. Portanto, o Seminário Agroceres de Economia e Negócios deixa de ser uma aposta e passa a integrar a agenda de eventos do Agronegócio da região”.
Este seminário é uma forma de reunir toda a cadeia produtiva para debater as expectativas do mercado, defendeu o presidente da Agropecuária Local Rural, de Lagoa Formosa, em Minas Gerais, Antônio Machado Rosa. “É a melhor maneira de alinhar ideias, reunindo todo o segmento”.
Outra marca do encontro foi o sentimento de setor reunido e fortalecido entre os produtores, apontou o produtor de suínos e grãos de Patrocínio, Minas Gerais, Ricardo dos Santos Bartholo. “Este evento conseguiu juntar nossa classe de forma muito positiva. Houve discussão de assuntos específicos com sentimento de força da categoria. Só consegue isso em eventos como este, que nos mostra que juntos somos mais fortes”.