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Bioenergia

As pendências energéticas não solucionadas com as mudanças climáticas em curso

Em 2050 sermos 9 bilhões de seres humanos. As mudanças climáticas estão em pleno curso.

As pendências energéticas não solucionadas com as mudanças climáticas em curso

Em 2050 sermos 9 bilhões de seres humanos. As mudanças climáticas estão em pleno curso.

Os fatores que irão interferir na viabilização de projetos de geração de energia, comuns da atualidade irão sofrer a interferência do padrão de esgotamento da fonte como energia primária de origem (afetando demanda x oferta), do padrão de mudanças climáticas nas localidades “mais viáveis” e um fator de engenharia, quanto à confiabilidade operacional, num dado “prazo de validade”.

As regiões com menos distúrbios climáticos irão ter o benefício do planejamento mais seguro, para investimentos na geração de energia. Porém, aquelas regiões climaticamente mais problemáticas, certos investimentos e modalidades de geração de energia poderão ter modificações nos critérios de Viabilidade Técnica e Econômica de tais projetos.

A questão da nossa auto-indeterminação do futuro surge pelo fato de que as mudanças climáticas já se anunciam com o aumento de variabilidade, intensidade e localidade, numa progressão cada vez mais acentuada num dado intervalo de tempo. E estes parâmetros influenciam o estabelecimento da viabilidade de especificações de tecnologia energética com localidade ambientalmente estável e sem variações críticas em seus padrões naturais, em frequência e intensidade.

Em muitos locais as condições climáticas estão dobrando suas frequências e triplicando suas intensidades. Em outros estão triplicando suas frequências e Dobrando suas intensidades … Em alguns lugares manifestações climáticas ex-abrupto em que jamais ocorreram, começam a ocorrer agora.

Logo, as mudanças climáticas, num dado dia-hora, ocorrerão ex-abrupto. Noutro dia-hora ocorrerão inversões. E as inversões ocorrerão como fronteiras limites de um mesmo fenômeno-local.

Como poderemos planejar projetos e obras de tecnologias energéticas em localidades com frequências, intensidades e inversões climáticas ex-abrupto?

Todos os projetos de tecnologia energética atuais foram implantados em localidades sob condições climáticas estáveis, mesmo que fora das CNTPS – condições normais de temperatura e pressão.

As localidades com frequências, intensidades e inversões climáticas ex-abrupto poderão ter um espectro de mudanças climáticas que irá comprometer as estimativas de investimentos e seus retornos, em prazos hoje considerados plausíveis para ressarcimento dos investidores (na faixa de 20 a 40 anos).

Onde temos hoje instalações para produção de energia poderemos ter alterações nos regimes de produção e fornecimentos e perturbações nos custos e nos preços finais do kWh. E nos modelos que estabelecem os estudos de viabilidade técnica e econômica, para cálculos de preços de equilíbrio e o tempo de retorno dos investimentos, teremos que adotar uma nova variável sobre “normalidade e/ou estabilidade do clima local”.

Tentemos um ligeiro ensaio analítico, com as fontes de energia elétrica, sobre as incertezas que sacramentarão a nossa auto-indeterminação do futuro:

1. Hidrelétrica = utiliza água para girar suas turbinas, mas se vierem as secas, com as que já ocorrem em várias localidades com usinas hidrelétricas? Na Amazônia as secas estão se tornando frequentes e intensas. Os desmatamentos, a extinção de matas ciliares, a agropecuária (campos de plantios e pastos para gado) e o comércio de madeira ilegal (indústria de móveis e artefatos) os quais não possuem um combate técnico e economicamente capacitado. Quais águas irão girar turbinas, num local por 50 anos, pelo menos? Sua disponibilidade é de quase 100%, sendo muito confiável para a industrialização. Tem grau tecnológico médio e de conhecimentos agregados. E não existem problemas de transmissão e distribuição da sua energia elétrica…

2. Eólica = utiliza o vento, mas seu aproveitamento oscila entre 30% a 35% do tempo de exposição, aos ventos, das hélices dos geradores. E não tendo fruição contínua fica inviável, pelo menos para a industrialização e muitos serviços. Esta possui baixíssimo índice de aproveitamento energético, ficando viável ainda só para uso residencial. E os ventos num local ficarão estáveis por um bom tempo? Então, sua disponibilidade é de quase 30%, não sendo confiável para a industrialização. Tem grau tecnológico médio e de conhecimentos agregados. E ainda existem problemas de transmissão e distribuição da sua energia elétrica…

3. Nuclear = utiliza vapor d’água aquecido por transmissão de calor de massa radioativa em reação calorífica, acima da massa crítica, que gira rotores / turbinas de geradores de eletricidade. Já possui quase 100% dos fatores de risco sob domínio tecnológico. Não tendo ainda uma solução para os resíduos de seu combustível nuclear-radioativo. Tem grau tecnológico alto e de conhecimentos agregados. As plantas- projetos de usinas podem ser miniaturizadas ou terem portes dirigidos para demandas presentes / futuras. Enquanto houver urânio, plutônio e césio as usinas nucleares continuarão a ser viáveis. Sua operação requer grandes volumes de água (refrigeração e reposição) e a proximidade de fontes com fluxos contínuos. A sua disponibilidade é de quase 100%, sendo muito confiável para a industrialização. E não existem problemas de transmissão e distribuição da sua energia elétrica…

4. Biomassa = utiliza lenha, carvão vegetal e álcool etílico (da cana de açúcar). Podem ser os energéticos em si ou podem ser utilizados como energia primária de origem, em processos de obtenção e transmissão do calor (álcool: de força motriz). Mas, ajudam nos desmatamentos, na extinção de matas ciliares, na agropecuária (campos de plantios e pastos para gado) e o comércio de madeira (indústria de móveis e artefatos). E teremos lenha e carvão quando extinguimos as áreas de vegetação? Poderemos ter plantações de cana de açúcar, para a produção de álcool etílico, mas, ficaremos reféns da sua sazonalidade de produção, da eficiência de seu armazenamento “entre safras” e de sua distribuição economicamente compensadora. Sofre alta variação de preços em função da cotação internacional do açúcar. Tem grau tecnológico baixo e de conhecimentos agregados. E não existem problemas de transmissão e distribuição da sua energia elétrica…

5. Gás natural = utiliza o calor de sua queima como gás … Como energia primária de origem, em processos de obtenção e transmissão do calor e de força motriz. Entretanto, o esgotamento progressivo das reservas mundiais de petróleo é uma realidade cada vez menos contestada. A Bristish Petroleum, em seu estudo “Revisão Estatística de Energia Mundial de 2004”, afirma que atualmente as reservas mundiais de petróleo durariam em torno de 41 anos, as de gás natural, 67 anos, e as reservas brasileiras de petróleo, 18 anos (segundo www.biodieselbr.com/energia/agro-energia.htm). Tem grau tecnológico médio e de conhecimentos agregados. Sua disponibilidade é de quase 100%, sendo muito confiável para a industrialização. Pode ser usado em usinas termelétricas … Não existem problemas de transmissão e distribuição da energia elétrica … Mas, a sua canalização em longas distâncias possui um custo de fornecimento e afetação ambiental, sobre vazamentos de gás e explosões.

6. Carvão e 7. Óleo combustível = podem ser os energéticos em si ou podem ser utilizados como energia primária de origem, em processos de obtenção e transmissão do calor e de força motriz. À medida que a economia cresce, o consumo de energia, via energéticos, tais como os derivados do petróleo crescerá, abalando o equilíbrio das curvas da demanda e oferta. A tendência é de que ao se aumentar o consumo daqueles derivados, os preços aumentarão na escala, também, da redução da produção, por início do esgotamento dos poços petróleo já descobertos. O carvão não acabará tão cedo, no atual ritmo de seu consumo, em matrizes energéticas, irá ainda por uns bons 1.000 anos. Mas, o petróleo: gasolina, querosene, diesel, óleo combustível na melhor hipótese vai mais por uns 30 a 50 anos, dependendo da economia mundial + China + Índia. Sua disponibilidade é de quase 100%, sendo muito confiável para a industrialização. Podem ser usados em usinas termelétricas, porém se o petróleo começar a ficar inviável, só poderão operar com carvão ou gás natural … Tem grau tecnológico médio e de conhecimentos agregados. Não existem problemas de transmissão e distribuição da sua energia elétrica…

8. Solar = utiliza o calor do sol e de seus raios, para esquentar superfícies trocadoras de calor ou sobre células conversoras de calor em eletricidade. Esta fonte ajuda a poupar energia elétrica para aquecimento de água, porém sua utilização como produtora de energia elétrica ainda possui tecnologias e materiais em desenvolvimento, para baterias solares. Sua disponibilidade direta é apenas 50% (ou menos do que 50%: só durante o dia em localidades com muita insolação), pouco maior do que a energia eólica, o que lhe impossibilita uso na industrialização. Além disto, as mudanças climáticas e de insolação, num mesmo dia, deixaria esta fonte de energia, bem secundária na sua localidade. Tem grau tecnológico de médio / alto e de conhecimentos agregados. E existem problemas de transmissão e distribuição da sua energia elétrica … E no seu armazenamento nos períodos noturnos e de nebulosidade. Sua disponibilidade é de quase 50%, não sendo confiável para a Industrialização.