Pesquisadores do Forschungszentrum Jülich (FZJ), um dos maiores centros de pesquisa da Alemanha, visitam a Embrapa, de 16 a 27 de setembro, com o intuito de estabelecer uma nova etapa de cooperação científica entre os dois países. Os cientistas Stephan Bloßfeld e Anke Schickling, do Institute of Bio-Geoscience-2: Plant Science (FZJ/IBG-2), são acompanhados pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação Paulo Sergio de Paula Herrmann Júnior, que desde outubro de 2012 atua no Labex Europa Alemanha.
Os Laboratórios Virtuais da Embrapa no Exterior (Labex) são um modelo de cooperação científica que beneficia não apenas o Brasil, mas também as demais nações parceiras. Já existem parcerias nos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Coreia, China e Japão. Agora o Centro de Pesquisas Jülich está criando o Labex invertido Brasil-Alemanha (LgiB), cujo principal foco estará relacionado à aplicação de novos métodos para fenotipagem de plantas no campo.
Por meio desse modelo, o pesquisador brasileiro Paulo Herrmann Jr. vai desenvolver trabalhos na Alemanha na área de desenvolvimento de métodos e processos avançados em caracterização de funções biológicas e fenotipagem vegetal. No Brasil, no próximo ano, a pesquisadora Anke Schickling, do instituto alemão, usará a estrutura da Embrapa e trabalhará em conjunto com pesquisadores brasileiros realizando estudos de interesse comum.
“Queremos reunir competências para fazer pesquisa de excelência e melhorar a fenotipagem de plantas aqui no Brasil, além de ampliar a nossa atuação em redes de pesquisa”, diz Herrmann. Ele conta que a Alemanha criou este ano uma rede nacional de fenotipagem de plantas, com investimentos de 35 milhões de euros para os próximos cinco anos. O país também está investindo dois bilhões de euros na bioeconomia, que busca transformar o conhecimento e novas tecnologias em inovação para a indústria e a sociedade.
A primeira atividade prática do Labex invertido foi o wokshop “Phenotyping for the Future”, que reuniu especialistas brasileiros e alemães, na terça-feira (17), na Embrapa Estudos e Capacitação, em Brasília. O debate abordou as novas técnicas de avaliação de características genéticas que organismos manifestam em contato com o meio ambiente.
Antes do workshop, uma cerimônia para marcar o início da nova fase de cooperação contou com a presença do embaixador da Alemanha no Brasil, Wilfried Grolig, do secretário do ministério alemão da Educação e Pesquisa, Georg Schütte, e do diretor do Instituto de Bio e Geociências do Centro de Pesquisas Jülich, onde funciona o Labex Alemanha, Ulrich Schurr. A Embrapa foi representada pelo presidente Maurício Lopes e pelo chefe da Secretaria de Relações Internacionais, Márcio Porto.
Cientistas conhecem pesquisas da Embrapa
O programa da viagem inclui visitas a diversos centros da Embrapa no País para conhecer linhas de pesquisa e estreitar parcerias. Na Embrapa Informática Agropecuária, em Campinas (SP), os cientistas Stephan Bloßfeld e Anke Schickling tiveram um panorama das pesquisas conduzidas pela Embrapa, que impulsionaram o desenvolvimento agrícola brasileiro.
Durante reunião com a chefia e pesquisadores da Unidade, eles apresentaram o trabalho realizado pelo Centro de Pesquisas Jülich e conheceram projetos relacionados à aplicação da tecnologia da informação na agricultura desenvolvidos pela Embrapa, especialmente nas áreas de bioinformática e medição por imagem de plantas. Essas novas tecnologias são extremamente úteis para auxiliar as pesquisas com fenotipagem vegetal, permitindo melhorar a qualidade das plantas e obter cultivares tolerantes à deficiência hídrica e adaptadas a novos cenários climáticos.
Os cientistas também visitaram a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas, SP), Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) e Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG). Em seguida, vão conhecer a Embrapa Agroenergia, Embrapa Hortaliças e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) e Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO).
Herrmann ainda participa do II Encontro da SBPMat (Sociedade Brasileira de Materiais), evento que ocorre de 28 de setembro a 3 de outubro, em Campos do Jordão (SP), com o objetivo de discutir os recentes avanços e perspectivas em ciência e tecnologia de materiais. No encontro, ele apresenta o trabalho “Key technologies for plants for the future – plant phenotyping at Forschungszentrum Jülich (IBG-2), and his partnership with Embrapa-Brazil: Labex Europe in Germany”.
O propósito é falar da experiência do Labex na Alemanha e mostrar o potencial de novos métodos para as pesquisas em fenotipagem, como a ressonância magnética nuclear, tomografia e sensores especiais, aplicados em modelagem e robótica, que estão em uso no FZJ. “A genômica cresceu muito rápido, mas a fenotipagem não seguiu o mesmo passo. Com esses novos métodos, estamos tentando nos aproximar desse avanço. E aí pode haver um salto na vertical, pois já temos conhecimento em fenotipagem e competência”, avalia o pesquisador.