O Serviço de Inspeção Agrícola e Criação de Gado (SIAG) da Rússia confirmou nesta quarta-feira que dez frigoríficos no Brasil estão proibidos a partir de hoje de fornecer seus produtos para o mercado da União Aduaneira (UA), formada por Rússia, Belarus e Cazaquistão. Anunciado há uma semana, o veto atinge o fornecimento de carne bovina e suína de seis frigoríficos da JBS, dois da Minerva, um da Marfrig e um da Pamplona.
O Brasil é o maior exportador de carne bovina para a Rússia e o segundo maior de carne de porco e aves. O mercado russo importou 616,1 mil toneladas de carne vermelha de fora da Comunidade de Estados Independentes nos primeiros sete meses deste ano, no valor de 2,4 bilhões de dólares – deste total, 807 milhões de dólares corresponderam a compras de fornecedores no Brasil.
A decisão de limitar as importações foi tomada depois de uma inspeção realizada por veterinários russos em 18 empresas brasileiras entre junho e julho. Foram constatados “descumprimentos generalizados e alguns particulares” das normas sanitárias da UA na maioria delas, segundo comunicado do SIAG.
A JBS, maior produtora de carne do mundo, declarou que a medida não afeta as vendas pois as remessas para a Rússia passarão a ser feitas a partir de frigoríficos da empresa que não tiveram o fornecimento proibido pelo órgão sanitário russo.
Recentemente, a Rússia baniu as importações de carne da maior parte dos fornecedores dos EUA, Canadá e México por temores relacionados a um aditivo de crescimento dos animais, o que fez crescer a expectativa de que as compras no Brasil devam aumentar ainda mais.
Proibição – As inspeções sanitárias revelaram a presença de ractopamina (uma substância para estimular o crescimento muscular dos animais proibida na Rússia) na carne de porco à venda no Brasil, o que, segundo as autoridades russas, não exclui a possibilidade de que esta possa ser exportada à União Aduaneira. O chefe do SIAG, Sergei Dankvert, advertiu que, dependendo de outras inspeções, a Rússia pode estender a proibição para toda a carne de porco produzida no Brasil.
“Se durante futuras inspeções constatarmos que os serviços veterinários do Brasil são uma mera formalidade para a inclusão de novas empresas na lista de exportadores para a Rússia, restringiremos a carne de porco procedente de todo o país”, disse Dankvert.