A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 1,6 bilhão na terceira semana de outubro, resultado de US$ 4 bilhões em exportações e US$ 5,6 bilhões em importações. O resultado da terceira semana diminuiu o saldo positivo no mês para US$ 1 bilhão. Já o resultado líquido no ano voltou a ser deficitário, em US$ 605 milhões. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento.
Na média diária, a exportação até a terceira semana de outubro é 7,9% superior à de outubro do ano passado. Na outra ponta, as importações cresceram 8,9%, na mesma comparação.
A alta da exportação é explicada pelo crescimento nas vendas dos produtos básicos e manufaturados. Rafael Bistafa, economista da Rosenberg & Associados, lembra, porém, que a expansão das exportações no período aconteceu por conta do embarque de uma plataforma de petróleo de US$ 1,9 bilhão na primeira semana do mês. Sem essa plataforma, a exportação, na mesma comparação de média diária, caiu 5,9%.
Na primeira e segunda semanas de outubro, as exportações foram suficientes para gerar saldo positivo suficiente para compensar o déficit do acumulado até setembro. Com o déficit da terceira semana, porém, a balança no acumulado do ano voltou ao saldo negativo.
Para Bistafa, o desempenho de outubro não surpreende. “Trata-se de um mês sazonalmente fraco para as exportações, enquanto as importações ainda costumam manter ritmo mais forte.” Ele destaca a evolução negativa das vendas de semimanufaturados, que na média diária caíram 24,6% nas três primeiras semanas de outubro, em relação à média diária de outubro do ano passado. Mesmo assim, diz o economista, a evolução da balança do mês condiz com a estimativa da consultoria, que prevê saldo próximo a zero no ano.
Fabio Silveira, da GO Associados, prevê saldo um pouco melhor, com superávit de US$ 2 bilhões no ano, e faz análise semelhante. Para ele, o desempenho de outubro ficou dentro do que se esperava. Silveira destaca que em outubro as exportações já mostram de forma mais clara o fim do período de altos embarques de produtos importantes, como os da soja.
A quantidade de soja em grão exportada na média diária das três primeiras semanas de outubro recuou 57,3% em relação ao volume médio diário embarcado em setembro. O volume, porém, é 71,2% maior que a média diária vendida ao exterior em outubro de 2012. O preço, porém, caiu 13,6% no período, limitando a alta no valor exportado do grão a 47,9%.
Os preços menores, diz Silveira, também afetaram o desempenho de outros produtos importantes na pauta brasileira de exportação, como o café e o açúcar, seja em bruto ou refinado.
O que deve ajudar a gerar superávit em novembro e dezembro, apesar do fraco desempenho das exportações, diz Silveira, é a desaceleração das importações. Com pequenos superávits comerciais nesses dois meses, calcula, a balança brasileira ficará com saldo positivo em torno dos US$ 2 bilhões. Para 2014, a expectativa de Silveira é de déficit de US$ 3 bilhões. O saldo negativo resultará principalmente, diz ele, da queda de preços de commodities.