As indústrias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina reclamam do custo do milho usado na alimentação dos suínos. Como os dois Estados cultivam apenas uma safra, a escassez de oferta no segundo semestre do ano obriga os criadores a buscar cereal no Paraná ou no Centro-Oeste.
O diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne-SC), Ricardo de Gouvêa, reclamou que o Estado não foi contemplado com leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro).
“Não dá para entender por que tanto o Rio Grande do Sul quanto Santa Catarina, dois principais Estados produtores da proteína e de aves, não foram incluídos nos últimos leilões de Pepro. Gostaríamos de ter um acesso melhor ao insumo. Isso é um fator de perda de competitividade dos dois Estados e pode até desestimular o produtor de ficar na atividade na região”, salienta.
Segundo ele, produtores e indústria dos dois Estados pagam, hoje, em média, R$ 25 a saca de milho enquanto que no Centro-Oeste o valor não supera os R$ 12.
“O problema maior não é a cotação do milho em si. Mas o custo que temos para trazer o insumo do Centro-Oeste do País, com logística, frete e tributos. Deveríamos ter uma política de subvenção aos Estados do Sul, mas não vemos movimentação do governo nesse sentido, pelo menos ainda. O subsídio hoje é só para a exportação do milho”, disse o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos (SIPS-RS), Rogério Kerber.
“No sistema de integração, quem arca com os custos da alimentação é a agroindústria”, destacou Gouvêa.
No pico de preços, em 2012, os Estados chegaram a ter um custo de aquisição do insumo de R$ 28 a saca (SC) a R$ 30 a saca (RS).
Preços para 2014
Kerber acredita que em 2014, os preços do milho devem ficar praticamente estáveis ante 2013.
“Se nada ocorrer de ruim em termos de clima, deveremos ter uma oferta boa do insumo. A demanda forte, principalmente do exterior, não deixará que os preços tenham queda acentuada”, disse.
As notícias sobre construções de usinas de etanol de milho em Mato Grosso também estão no radar do setor.
“Este movimento preocupa porque será mais um mercado, concorrente, que demandará a utilização do insumo. E será mais um fator de sustentação das cotações do milho”, disse.