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Economia

Com impacto menor em 2014, alimentação pesou na inflação em 2013

Para ele, o vilão em grande parte do ano foi o tomate, que teve alta de 18%. "Nada desprezível", completou.

Com impacto menor em 2014, alimentação pesou na inflação em 2013

Responsável por boa parte da inflação do ano, o grupo alimentação subiu 9,28% em 2013 no fechameno do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para 2014, o item alimentação continuará pressionando a inflação, mas em uma escala menor do que em 2013.

O IPC mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de despesas habituais de famílias com nível de renda situado entre um e 33 salários mínimos mensais. Além da alimentação, há sete classes de despesa no IPC: habitação, vestuário, saúde e cuidados pessoais, educação, leitura e recreação, transportes, despesas diversas e comunicação.

Segundo o economista do Ibre, André Braz, “alimentação foi uma das despesas que mais contribuíram para a inflação de 2013”. A alimentação é medida dentro e fora de casa. “Só os alimentos consumidos em residência, comprados em supermercados, subiram 8,8% de janeiro a dezembro de 2013: alta acima da inflação média apurada pelo próprio indicador, que avançou 5,48%, disse.

Acrescentou que o impacto é maior para as famílias de baixa renda, que “gastam cerca de 30% do orçamento familiar na compra de alimentos”, observou. Braz informou que há duas categorias de alimentos: as que – mesmo sem subir fortemente – têm peso grande no orçamento familiar e as que – embora tenham subido bastante – têm peso pequeno no orçamento familiar.

O economista destacou que vários produtos da cesta básica registraram avanços significativos em 2013. Dois produtos, que fazem parte da dieta do brasileiro, registraram elevação significativa: o leite tipo longa vida, que acumulou alta de 21% em 2013; e o pão francês, que subiu 14,5%, ambos pelo IPC da FGV.

Para ele, o vilão em grande parte do ano foi o tomate, que teve alta de 18%. “Nada desprezível”, completou.

O economista disse que a alta dos alimentos poderia ter sido maior se não fosse o comportamento de outros itens que registraram queda. “Entre os mais importantes estão o óleo de soja, com queda de 19%, o açúcar refinado, com baixa de 15%, o café, com queda de 6% e o feijão carioca com queda de 12%. Também na lista dos alimentos em queda há o arroz e o feijão, itens importantes na dieta do brasileiro.

André Braz destacou ainda que o preço do bacalhau, que tem vários tipos, ficou em média 9,69% mais barato. Ele explicou que, como item de Natal, o bacalhau pode abrir espaço para que mais famílias o incorporem à ceia deste ano. “Pelo menos uma folguinha no fim do ano o brasileiro deve ter”, contou.

No entanto, Braz alertou para o fato de que, apesar de ter ficado mais barato, o preço do bacalhau é caro. Por isso, o preço da carne pode ser mais vantajoso. “Ainda que o frango e a carne suína tenham ficado mais caras, esses itens podem ser melhor negócio que o bacalhau. O consumidor tem de [julgar o que] é melhor para o bolso”, disse.

O ano de 2014 começa com a previsão de alta nos produtos in natura como hortaliças, legumes e frutas. Nesta época do ano, a chuva e o calor interferem na produção e os preços sobem. “Essa variabilidade de clima no verão prejudica muito a oferta desses alimentos e, por consequência, passamos um período de aumento de preços. Isso deve vigorar de janeiro a março. Já os outros alimentos, como arroz, feijão e carne não têm previsão de que continuem subindo de preço. É provável que haja um alento ali”, analisou.

A previsão é que, durante o ano, a oferta de alimentos seja mais regular do que em 2013 e, dessa forma, o aumento dos preços dos alimentos em 2014 pode ser menor do que o registrado este ano, apesar de ainda causar impacto na inflação. “Ainda assim a gente acredita que o item alimentação vai continuar respondendo por parte da inflação, mas há uma expectativa de uma variação mais baixa do que a acumulada em 2013”, destacou.

Por causa dessas variações, o economista orientou o consumidor para sempre aproveitar as oportunidades que o mercado oferece. Como existe muita concorrência no setor, o varejo sempre promove promoções. Braz deu ainda outras dicas para o consumidor gastar menos. “O consumidor pode evitar grandes compras do mês, privilegiando as compras semanais justamente para ter tempo de comparar preços e aproveitar as unidades em promoção. Trocar as marcas líderes por marcas que estão entrando no mercado e guardam qualidade. E não abrir mão de consumir determinados produtos e pagar menos por ele. Deve também privilegiar produtos da estação. É sempre uma boa estratégia para gastar um pouco menos”, aconselhou.

O consumidor já aprendeu que esta é a melhor forma de comprometer menos o orçamento familiar. A cuidadora de idosos Maria de Fátima Dias Costa tem hábito de fazer comparação de preços entre vários supermercados. “Eu levei daqui pêssego e ameixa, não só pela qualidade, mas porque o preço estava bom. Eu quero me alimentar melhor, tenho que gastar sola de sapato”, disse.

A aposentada Eleonora Giglio Linhares disse que o preço do tomate subiu muito durante o ano e, em seguida, desabou. “Agora, [com o preço lá embaixo, comprei em grande quantidade para não perder o produto], já fiz quatro quilos de conserva. A gente tem que saber o dia em que o supermercado faz a promoção. O chefe de família deve acompanhar”, disse.

Segundo André Braz, o varejo também aprendeu que esta é uma forma de se diferenciar. “Há um interesse mútuo tanto em atrair a atenção do consumidor com estas promoções, quanto do consumidor em buscar economia. Como houve um casamento perfeito é um tipo de comportamento que vai continuar. E o consumidor só tem a ganhar quando aproveita as oportunidades”, disse.