O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE, apresentou elevação de 1,34% em dezembro. Houve aceleração com relação a novembro, que teve variação de 0,36%. Este aumento já era esperado, por conta da tradicional alta de demanda nos supermercados que ocorre em dezembro provocada pelas festas de fim de ano. Em dezembro de 2010 o IPS havia apresentado alta de 0,77%, número inferior ao apresentado neste ano. Em dezembro a categoria carnes, leite e cereais apresentou a maior elevação, de 2,43%.
Em 12 meses a variação dos preços dos supermercados atingiu 5,02%, enquanto o IPS acumulado em 2010 foi de 8,77%. Na comparação, o fechamento do IPS em 2011 é mais favorável. “Mesmo diante da elevação de 5% nos últimos 12 meses, o indicador aponta evolução favorável em relação a 2010; quando comparado com os demais indicadores de preços da economia, se mantém como destaque positivo”, diz o diretor do departamento de Economia da APAS, Martinho Paiva Moreira.
Neste ano as categorias que mais influenciaram a elevação dos preços nos supermercados foram as bebidas alcoólicas (11,81%), as bebidas não-alcoólicas (9,45%) e os produtos industrializados (6,39%).
Os preços dos semielaborados (carnes, cereais e leite) apontaram elevação de 2,43% em dezembro em decorrência, principalmente, do aumento de preços de carnes bovinas (3,92%), cereais (3,91%) e carne suína (3,54%). No acumulado de 2011 a elevação nos preços é de 0,39%.
A carne bovina vem apresentando alta devido ao aumento da demanda pela carne típica do fim de ano. Além disso, o aumento do consumo das classes C, D e E vem sendo uma variável constante de pressão sobre os preços. No entanto, vale ressaltar que as elevações vêm sendo muito inferiores daquelas verificadas em 2010 – e, deste modo, o ano de 2011 fecha com variação de -0,50%.
Do mesmo modo, o aumento dos preços da carne suína decorre do crescimento da demanda decorrente do fim de ano aliado à alta do consumo deste item pela parcela da população das classes C, D e E. Tradicionalmente, as carnes suínas apresentam elevação de preços durante este período do ano; porém, em magnitude inferior as verificadas entre julho e setembro, período de entressafra. Os preços em 2011 apresentaram retração de -7,77% em relação a 2010.
Os cereais apontaram elevação de 3,91% em dezembro em relação a novembro. A alta está diretamente relacionada ao período de estiagem na região sul do país, que prejudica o cultivo de milho e arroz, principalmente, ocasionando pressão sobre os preços. Em dezembro, oaumento do preço do milho foi de 5,88% em relação a novembro. Em 2011 a variação nos preços dos cereais foi de -2,97%.
Os preços dos alimentos industrializados apresentaram elevação de 1,02% em dezembro. Os maiores impactos da categoria foram em derivados de leite (1,07%) e panificados (1,16%) e derivados de carnes (1,11%). No caso dos produtos industrializados houve aumento nos preços e, particularmente, no caso do derivado do leite, os custos de produção vêm pressionando os preços refletindo no preço encontrados nos supermercados. Do mesmo modo, os preços dos panificados têm sido afetados devido ao aumento dos custos relacionados à sua produção; por exemplo, como a energia elétrica, farinho de trigo, derivados do leite, entre outros – o que também ocorre com os preços dos derivados de carne. “No entanto, o aumento da demanda é fator comum entre estas categorias que vem pressionando os preços. Os produtos derivados têm forte relação com aumento de renda, o que vem sendo verificado ao longo de 2011, e aumento de renda faz com que a demanda a aumenta e em determinadas condições, onde não há o crescimento equivalente da oferta, os preços sobem”, afirma Moreira. Ao longo de 2011 houve aumento de 6,39% nos preços dos produtos industrializados.
Os preços dos produtos hortifrutigranjeiros (produtos in natura) apresentaram aumento de 1,06%, com destaque para elevação nos preços de verduras (2,42%), tubérculos (1,58%) e frutas (1,07%). Os itens que apresentaram as maiores elevações foram: alface (5,18%), cebola (12,39%), maracujá (9,27%), banana (5,41%), maçã (7,43%). Em 2011 a alta nos preços dos produtos in natura foi de 2,93%.
Os preços das bebidas alcoólicas apresentaram aumento de 1,71% ante o aumento no preço da cerveja (2,37%), fato que já era esperado por conta do período de festas de fim de ano. No ano a elevação nos preços das bebidas alcoólicas é de 11,81%. Já as bebidas não alcoólicas apontaram alta de 0,34%, impactadas pela elevação no preço de suco de frutas (1,65%). No ano de 2011 a alta nos preços das bebidas não alcoólicas foi de 9,45%. Do mesmo modo, a proximidade das festas de fim de ano e as temperaturas em elevação pressionam os preços para cima.
Os preços dos produtos de limpeza subiram 1,15%, impactados pela elevação no preço do sabão em barra (2,15%), do sabão em pó (0,91%) e detergente (1,33%). No ano a alta nos preços dos produtos de limpeza foi de 8,47%. Os artigos de higiene e beleza apontaram alta de 0,99% impactados pela elevação do preço do sabonete (5,01%) e da escova dental (4,88%). Ao longo de 2011 o aumento foi de 5,11%. As pressões nos preços dos artigos de limpeza e higiene e beleza persistem diante da continuidade do repasse dos reajustes realizados pela indústria devido ao aumento nos preços do petróleo e demais matérias-primas petroquímicas para fabricação dos produtos. No entanto, o ritmo de crescimento vem diminuindo em relação aos meses anteriores.
Na avaliação da inflação desde o Plano Real, por mais um mês consecutivo, a diferença entre os índices acompanhados aumenta. O IPS/APAS apresenta variação acumulada de 118%, o IPC-FIPE tem aumento de 229% e o IPA-FGV tem variação de 431%. Assim, os preços dos supermercados apontam patamar inferior indicando o poder de negociação junto à indústria para que não haja expressivos reajustes e consequente repasse aos consumidores.
Conforme esperado, a inflação nos supermercados registrou alta de 5,02% em 2011, confirmando a expectativa da APAS. A evolução dos preços ao longo de 2011 nos supermercados apresentou desaceleração quando comparado a 2010. Para 2012 a tendência é manter o mesmo ritmo principalmente no que diz respeito às bebidas. Já os itens de alimentos também devem apresentar desaceleração, porém em menor magnitude.
Nota Metodológica
O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 5 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.