A Encefalomielite Aviária (EA) é causada por um picornavírus pequeno que contém RNA. Eles estão entre os menores vírus conhecidos e pertencem a um ramo de picornavírus conhecidos como enterovírus. Os vírus da EA não têm invólucro. Uma vez que a maioria dos desinfetantes comuns agem destruindo o invólucro viral, o vírus da EA torna-se resistente aos desinfetantes comuns, bem como aos ácidos, clorofórmio e calor. Seu reduzido tamanho auxilia-o também a resistir à desinfecção.
Todos os vírus da EA são de um só sorotipo. Entretanto cepas diferentes variam em seu grau de patogenicidade. Todas as cepas de campo têm uma tendência a crescer nos tecidos dos intestinos (enterotrópicas). As cepas mais patogênicas são também neurotrópicas e causam sintomas associados à EA. Os vírus de vacinas comerciais são atenuados pela passagem em embriões. O vírus muda suas características se for passado muitas vezes em embriões dos ovos. Os vírus da EA que passaram pelos ovos muitas vezes tornam-se mais suaves se administrados oralmente às aves, porém mais patogênicos se administrados por injeção.
Curso da doença
O curso da EA nas aves depende da idade na qual a ave for infectada. O vírus é ingerido e se multiplica nos tecidos do intestino. À medida que multiplica-se, ele causa uma resposta imunológica. Por volta de três a quatro semanas de idade, a ave produz anticorpos e apresenta uma doença clínica. O vírus pode, porém, espalhar-se até o aparelho reprodutor da galinha, causando uma queda temporária na produção de ovos. O período de incubação, desde o momento da infecção até a queda na produção de ovos é de pelo menos onze dias em matrizes. O vírus da EA pode ser transmitido do intestino à cloaca, onde pode contaminar as cascas dos ovos e infectar os pintos quando estes estão sendo incubados.
Quando pintos com quatro semanas de idade são infectados, o vírus multiplica-se no intestino, mas as aves não estão ainda completamente desenvolvidas quanto à imunidade. Assim, as cepas patogênicas entram na corrente sangüínea e infectam o cérebro, causando sintomas neurológicos. O período de incubação, desde a infecção até o surgimento dos problemas neurológicos é de onze dias, a menos que as aves tenham sido infectadas ainda quando embriões. Neste caso o período de incubação varia de um a sete dias. As cepas de campo patogênicas não afetam nem matam o embrião. As aves jovens aumentam em muito o alastramento do vírus.
Não existem sinais clínicos patognomônicos da EA em aves adultas. Os plantéis de poedeiras geralmente apresentam uma queda na produção de ovos, mas pode ser apenas uma queda leve. Pode ocorrer ainda inchaço e azulamento dos olhos. Nas aves jovens (com menos de quatro semanas de vida), os sintomas clínicos começam com apatia e baixa atividade. Pintos afetados logo tornam-se descoordenados e apresentam dificuldades ao se mover. Ocorre também um tremor na cabeça e no pescoço, semelhantes a calafrios. Deve-se lembrar que as aves não tremem quando tem frio, mas sim eriçam as penas. Calafrios ou tremores são sinais de doença neurológica. As aves afetadas eventualmente tornam-se imóveis e 60 a 90% delas morrem.
Diagnóstico de EA
De um modo geral, como conseqüência do moderno sistema de produção, as aves de produção industrial tornaram-se muito mais susceptíveis às doenças. Permanentemente, surgem novas doenças e síndromes devido à quebra no equilíbrio entre os hospedeiros, os agentes etiológicos e o ambiente das criações. Neste contexto, os problemas da sanidade dos plantéis devem ser rapidamente identificados, controlados e superados a fim de se evitar conseqüências devastadoras para a granja ou mesmo a região afetada.
O monitoramento sorológico de lotes de aves é uma importante ferramenta que deve sempre ser usada. O monitoramento auxilia na detecção de desafios, falhas nas vacinações e diagnóstico de doenças.
A metodologia ELISA pode ser usada para mensurar os títulos de anticorpos contra a Encefalomielite Aviária. O kit ELISA para EA é rápido e apresenta boa especificidade e sensibilidade.
O monitoramento pode ser feito:
• Monitoramento de anticorpos maternos (20 a 25 soros de pintos de 1 a 3 dias de idade).
• Avaliação das vacinações (é recomendado a coleta de 20 a 25 soros de aves antes da vacinação e 14 a 18 dias pós vacinação mais 20 a 25 soros).
• No caso de suspeita de doença clínica podem ser enviados soros para sorologia junto com tecidos com alterações macroscópicas (no caso de suspeita de EA enviar SNC, moela, pâncreas e proventrículo) encontradas na necropsia para histopatologia para fechamento de diagnóstico.