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Pesquisa

USP estuda uso de bactéria em produção de biodiesel

Óleo extraído em escala industrial será muito maior, diz pesquisadora.

USP estuda uso de bactéria em produção de biodiesel

O biodiesel, alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, está em alta. Cada vez mais, os órgãos governamentais têm incentivado a busca de fontes renováveis alternativas, menos poluentes e provenientes de recursos naturais para a produção do combustível. Uma pesquisa desenvolvida no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP), em Piracicaba, vem estudando uma matéria prima alternativa mais viável para essa produção: as cianobactérias.

O cianodiesel, como vem sendo chamado, é derivado da cianobactéria, elemento microbiano de aplicações biotecnológicas variadas e de potencial de desenvolvimento ilimitado. O projeto, desenvolvido por meio de uma parceria entre as professoras Marli de Fátima Fiore, do Cena/USP, e Heizir Ferreira de Castro, da Escola de Engenharia de Lorena, tem por objetivo extrair o lipídeo que se acumula nas células deste tipo de bactéria para transformá-lo em óleo diesel com propriedade comercial.

Feito a partir de óleos vegetais e animais, o biodiesel mais comum resulta de derivados agrícolas, motivo de preocupação dos atuais governos devido ao receio de escassez de alimentos para fins de se produzir biocombustíveis.

Resultados – Uma das maiores vantagens apresentadas pelo estudo diz respeito à quantidade de óleo que pode ser extraído em escala industrial. Para se ter noção, enquanto o milho produz 168 litros de óleo por hectare plantado, microrganismos fotossintetizantes da bactéria podem produzir algo em torno de 140 mil litros por hectare.

“A diferença pode ser discrepante e apresenta vantagens em comparação com as culturas agrícolas, uma vez que não há necessidade de área cultivável e a colheita é contínua”, afirmou a pós-doutoranda Caroline Pamplona, que vem desenvolvendo suas pesquisas no laboratório do Cena/USP.

“A necessidade nutricional das células é simples, o período de produção de biomassa é curto e a concentração de óleo pode chegar a 50%. Assim, produzir biodiesel a partir de cianobactérias pode ser vantajoso”, explicou Caroline.

Segundo ela, o clima do Brasil favorece o cultivo de cianobactérias. “Além disso, o país apresenta uma grande diversidade desses organismos potenciais para utilização como matéria prima na síntese do biodiesel”, completou a pesquisadora.