Em artigo divulgado no blog da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, o presidente da entidade, destaca a difícil realidade da suinocultura no estado de São Paulo. Acompanhe maiores informações abaixo.
Como presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), tenho recebido inúmeras manifestações dos suinocultores de São Paulo, que têm acumulado prejuízos nos últimos tempos. Segundo dados da Conab e da Embrapa Suínos e Aves, o estado possui o custo de produção estimado em R$ 2,75 por quilo de suíno vivo, sendo que o milho representa por volta de 60% deste custo.
Conforme os indicadores do CEPEA/ESALQ, os produtores de suínos estão comercializando seus animais num valor médio de R$ 2,06 o quilo vivo, variando entre R$ 1,90 e R$ 2,33 na praça (valor retirado em São Paulo no dia 11 de abril de 2012: http://www.cepea.esalq.usp.br/suino/).
Para cada quilo vivo de suíno vendido pelos suinocultores deste estado, existe um prejuízo de R$ 0,69. Fazendo um cálculo simples, o prejuízo de um produtor que comercializa 500 animais por mês, com cerca de 100 quilos, chega a mais de R$ 34 mil!
Temos a consciência de que não podemos culpar apenas as altas cotações do milho, pois o mercado da carne suína é marcado por alta volatilidade e, no momento, estamos enfrentando uma forte crise nos preços. No entanto, quando observamos a série histórica de abril de 2010 e o mesmo período deste ano, vemos que o preço da saca de milho subiu R$ 10,00 para os diferentes municípios do estado, ou seja, passou de R$18,00 para R$ 28,00 em dois anos, representando um aumento de 55% do valor.
Para os suinocultores, a relação de troca ideal “suíno x milho”, ou seja, quantos quilos de milho um produtor consegue comprar com a venda de 1 quilo de suíno vivo, deve ser de no mínimo 8 quilos de milho para cada quilo de suíno vendido. No momento, os produtores de São Paulo conseguem comprar apenas 4,4 quilos de milho para cada quilo vendido, isto é quase a metade do que seria considerado o ideal. Vale lembrar, para este mesmo período em 2010, tínhamos uma relação de compra de 9,5 quilos de milho para cada quilo do animal, numa média nacional.
Visto o cenário atual da suinocultura paulista e o importante e latente mercado consumidor do estado, a ABCS está atuando ativamente nas negociações do Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento (MAPA) e com o Ministério da Fazenda para que insira o estado de São Paulo nos leilões públicos de milho da Conab, na forma de Valor para Escoamento do Produto – VEP, a exemplo da Portaria Interministerial N 143, de 1 de março de 2012, que foi cancelada e está sendo reeditada.