O temor com os efeitos da pior seca em décadas no Meio-Oeste americano foi ligeiramente abrandado no relatório de oferta e demanda mundial divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na sexta-feira. O órgão revisou para cima sua expectativa para a produção doméstica de soja e milho na safra 2012/13 – embora o resultado final da safra ainda seja considerado catastrófico quando levadas em consideração as projeções iniciais.
No caso da soja, a estimativa para a colheita americana passou de 77,84 milhões para 80,86 milhões de toneladas. “Houve um aumento de oferta nos EUA maior do que a perspectiva de exportação”, disse Vinícius Ito, analista do Jefferies Bache, em Nova York. Segundo ele, esse crescimento reduz a necessidade de racionamento da demanda mundial da oleaginosa. A reação aos números na bolsa de Chicago foi negativa e os papéis para janeiro (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam em forte queda de 2,97% (44,50 centavos), a US$ 14,5125 por bushel.
A ampliação da oferta americana deve impulsionar também a safra mundial de soja, que agora está prevista em 267,60 milhões de toneladas, ante as 264,28 milhões indicadas em outubro. Em relação à América do Sul, foram mantidas as 81 milhões de toneladas para o Brasil e as 55 milhões de toneladas para a Argentina no ciclo 2012/13.
Ao contrário do que o mercado esperava, o USDA também elevou a projeção para a colheita americana de milho, de 271,94 milhões para 272,43 milhões de toneladas, e os preços acabaram contaminados. Em Chicago, os contratos para março fecharam com perdas de 0,16% (1,25 centavo), a US$ 7,42 por bushel.
Mesmo com os problemas climáticos nos Estados Unidos, a safra 2012/13 deverá ser a segunda melhor da história, compensada pela boa produção de outros países. O USDA espera que o volume suba de 839,02 milhões para 839,70 milhões de toneladas.
Apesar da redução da estimativa para a colheita mundial de trigo (motivada pela severa estiagem na Austrália), os estoques globais de passagem foram ajustados para cima, o que pesou sobre o cereal em Chicago. Assim, os contratos para março encerraram em baixa de 1,63% (15 centavos), a US$ 9,0150 por bushel.