Os preços dos créditos de carbono florestal dobraram em 2011, levando a um recorde no valor do mercado de US$ 237 milhões. É o que afirma a nova pesquisa do Ecosystem Marketplace, Leveraging the Landscape: State of the Forest Carbon Markets 2012.
O documento, que une dados de 451 projetos individuais de carbono florestal, analisa as transações do mercado, que possui créditos gerados a partir de quatro tipos de projetos: Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação ambiental (REDD), Aflorestamento/Reflorestamento (A/R), Melhoria do Manejo Florestal (IFM), e Uso Sustentável de Terras Agrícolas (SALM).
Os créditos são geralmente usados para compensar as emissões de gases do efeito estufa tanto no mercado voluntário quanto compulsórios.
Segundo o relatório, embora os volumes de transação tenham decaído 22% com relação aos níveis de 2010, chegando a 26 MtCO2e em 2011, o valor dos preços dos créditos quase dobrou, saltando de US$ 5,5t/CO2 para US$ 9,2t/CO2.
A pesquisa indica que o crescimento no valor foi atribuído aos altos preços pagos por ações incentivadas pelas ações climáticas nacionais de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Além disso, o documento sugere que as instituições privadas que buscam compensar suas emissões continuam sendo a principal fonte de demanda nos mercados de carbono florestal.
“Muitas companhias escolhem as compensações de carbono florestal porque os projetos são tangíveis e frequentemente apoiam os benefícios para além do sequestro de carbono, como a biodiversidade. Ao mesmo tempo, estamos vendo um pouco da inovação desenvolvida nesse mercado voluntário alimentar os programas de conformidade”, comentou Katherine Hamilton, diretora de gestão do Ecosystem Marketplace.
Isso se reflete no grande aumento do número de governos que passaram a incluir as florestas em programas de redução de emissões nacionais ou regionais, mas o relatório também cita um aumento nas transações de créditos gerados a partir do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da ONU, o que reflete na crescente diversidade do mercado.
“No último ano, o valor de mercado foi impulsionado por um cenário diferente de atores, unindo fontes e projetos – principalmente em setores nos quais o preço do carbono é emergente em amplo sentido”, notou Molly Peters-Stanley, gestora do Programa de Carbono do Ecosystem Marketplace.
“Nossas descobertas demonstram que o crescimento contínuo requer tanto sinais de preço quanto uma ampla gama de atores inovando e financiando soluções para o carbono florestal”, acrescentou Peters-Stanley.
O relatório mostrou também que 18 milhões de hectares foram impactados pelo financiamento de carbono em 40 países. A maioria dos projetos ocorreu em terras privadas, mas há cada vez mais comunidades e pequenos proprietários de terras envolvidos.
O documento diz ainda que os projetos pesquisados reduziram entre 55 e 123 MtCO2e e sequestrarão ou evitarão outras 504 a 1073 MtCO2e entre agora e 2050. Para isso, os desenvolvedores de projetos estimam que estes exigirão entre US$ 2,2 bilhões e US$ 5,4 bilhões para dar apoio contínuo às atividades.
“Para lidar com os causadores do desmatamento, precisamos estabelecer formas inovadoras de permitir a conservação florestal. À medida que esse tipo de investimento ganha cada vez mais atenção, a transparência e o acesso à informação são essenciais para fortalecer a gama de interessados e facilitar investimentos efetivos na redução de gases do efeito estufa”, observou Michael Jenkins, presidente do Forest Trends.
Mas a pesquisa não traz apenas dados positivos. Conforme as informações, o mercado para créditos gerados sob o mecanismo de REDD caiu fortemente devido à quantidade menor do que o esperado de projetos desenvolvidos e as adversidades políticas e econômicas enfrentadas.
Para se ter uma ideia, os projetos de REDD, que antes representavam 69% da atividade do mercado de carbono florestal, caíram para 29% da atividade, sendo ultrapassados pelos projetos de A/R.
Apenas dois projetos de REDD atingiram Verified Carbon Standard (VCS), o padrão de carbono mais importante. Muitos projetos em criação estão se desenvolvendo vagarosamente, e a crise financeira da Europa afetou o mercado e os regimes regulatórios que devem aceitar créditos de REDD ainda não emergiram.
“Tudo isso ressalta o fato de que os projetos de REDD estão sendo desenvolvidos dentro de um contexto de desafios não encontrado em mesmo grau por outros tipos de projetos, mesmo dentro de um mercado de carbono mais amplo”, sustenta o relatório.
“Muitos desenvolvedores de projeto respondem que se o progresso parece devagar, é porque os projetos de REDD estão interligados com algumas das questões mais amarradas do mundo – do desenvolvimento de comunidades a sistemas de posse de terra a relações internacionais. À medida que eles percebem esses desafios, parece aos que estão no mercado REDD que os atuais atores são muito mais sérios e realistas agora do que há apenas alguns anos”, concluiu.