Mesmo com atraso no plantio da soja, o terceiro maior produtor agrícola do País, o Estado de Goiás, deve produzir mais de dezenove milhões de toneladas de grãos, com crescimento de cerca de 20%, na safra 2012/2013, superando as expectativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), segundo a Federação de Agricultura e Pecuária goiana (Faeg).
O presidente da organização, José Mário Schneider, acredita que a produção estadual pode chegar a vinte milhões de toneladas. A expansão ocupa parte de seis milhões de hectares ainda disponíveis para a expansão das lavouras goianas, em meio a quinze milhões de hectares de pastos degradados, de acordo com a Faeg. Contudo, problemas de infraestrutura, principalmente a falta de energia elétrica, comprometem o desenvolvimento agrícola de Goiás.
“Temos problemas de licenciamento ambiental, oferta de energia elétrica e irrigação”, reconheceu Schneider, explicando que sistemas irrigantes são necessários, a nível estadual, durante os veranicos que afetam as plantações no primeiro trimestre, entre a colheita da soja e o plantio da segunda safra de milho. “Hoje, o produtor goiano tem dificuldades enormes no acesso à energia elétrica”, acrescentou, sem precisar, quando questionado, o tamanho do prejuízo.
Para ele, a produtividade (relação entre volume produzido e área plantada) vem crescendo na proporção de dois para um na última década. Entre a safra passada e a atual, o volume produzido deve crescer 19,4% – enquanto o território das lavouras aumentou 6,8%, para 4,4 milhões de hectares, segundo a Conab.
Schneider disse que a demora na liberação de licenciamentos ambientais retarda a evolução do agronegócio em Goiás. “Precisamos de um processo de licenciamento mais acelerado. Não no ritmo da iniciativa privada, mas sem embaraços.” E reforçou que “a agricultura brasileira, de forma geral, tem apresentado números positivos, com crescimento produtivo acima da expansão de área: um fator positivo”.
Em questão de logística, o presidente da Faeg expôs falhas de suficiência e localização da infraestrutura do agronegócio estadual. “Temos uma estrutura de armazenagem razoável, mas incompatível com a necessidade [de potenciais vinte milhões de toneladas]. O problema é que os armazéns estão, muitas vezes, fora das regiões produtoras.”
Logística – Schneider lembrou que as federações agropecuárias do centro-oeste – Faeg inclusa – estão elaborando um estudo logístico, coordenado pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), para mapear as condições de infraestrutura da região. O principal alerta relacionado à iniciativa, segundo o representante, é a carência de centros intermodais de recebimento e distribuição de produtos.
O estudo deve propor 150 intervenções logísticas para o centro-oeste, ao custo de R$ 120 bilhões. “Uma quantia inaplicável. O governo não investiria tudo isso. Mas valem as propostas, e que algumas delas sejam consideradas”, comentou Schneider.
O representante participou, na última terça-feira em Goiânia, do lançamento da Expedição Safra 2012, organizada pela Gazeta do Povo, com participação exclusiva – no caso da equipe que se dirigiu ao centro-norte brasileiro (região do Matopiba, conhecida por ser a nova fronteira agrícola brasileira) – do DCI. Na ocasião, empresários também falaram sobre o desenvolvimento de Goiás.
Para o representante regional da multinacional UPL, fabricante indiana de agrotóxicos com faturamento global de R$ 1,7 bilhão, Wilson Santos de Morais, “o mercado goiano é extremamente promissor para o segmento de defensivos agrícolas, com incremento de vendas (e produtividade) em soja, milho e hortifrutigranjeiros. A região de Cristalina [GO] é a maior área irrigada da América Latina”.