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Ministério da Agricultura faz ofensiva contra embargos

Reação cautelosa de países é natural, afirma José Carlos Vaz, do ministério.

Ministério da Agricultura faz ofensiva contra embargos

Depois de anunciar ontem o terceiro embargo à carne bovina brasileira, o Ministério da Agricultura vai iniciar uma ofensiva para esclarecer Japão, África de Sul e China de que o episódio de ‘vaca louca’ detectado no Paraná é um caso atípico, sem riscos à saúde humana. A descoberta da doença motivou o veto dos três países.

Ontem, a China comunicou ao governo brasileiro que proibiu a importação de carne bovina do país, como antecipou o Valor PRO. Com isso, se juntou ao Japão, primeiro país a decretar o embargo, no último sábado. Além desses dois mercados, o Ministério da Agricultura admitiu que os sul-africanos também levantaram barreiras nos últimos dias.

A estratégia do governo brasileiro para reaver os três mercados será deflagrada nos próximos dias. O Ministério da Agricultura informou que enviará missões oficiais para Japão, África do Sul e China a fim de dar mais detalhes sobre o caso de ‘vaca louca’. Os três países já receberam informações do governo brasileiro sobre o tema e outros esclarecimentos serão prestados.

“É natural que, ao tomar conhecimento por meio da imprensa, a reação de alguns países seja de cautela”, reconheceu ontem o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz. Em sua defesa, as autoridades brasileiras têm afirmado que se trata de um caso atípico e que na semana passada a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve o risco de ocorrência da doença no país como “insignificante”. Contudo, persiste a desconfiança no mercado internacional em decorrência da demora brasileira em revelar o caso, já que a morte do animal foi em 2010.
 
Apesar da reação do ministério, as barreiras levantadas até aqui representam apenas 0,7% das exportações brasileiras de carne bovina, em volume. Entre janeiro e setembro, o país embarcou 896,6 mil toneladas para todo o mundo. Juntos, Japão, África do Sul e China contribuíram somente com 6,7 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em receita, os três países somaram US$ 28,6 milhões de um total de US$ 4,9 bilhões, ou seja, menos de 1%.

Dos três países, a China é o mais relevante. Nos primeiros nove meses deste ano, o país asiático importou 5,1 mil toneladas de carne bovina brasileira. Os chineses estão no ranking dos 20 maiores importadores do Brasil. No mesmo período, Japão e África do Sul tiveram uma participação pouco expressiva, de apenas 1,1 mil toneladas e 545 toneladas, respectivamente, segundo os dados Abiec.

Na contramão dos países ‘pouco expressivos’ que levantaram barreiras à carne bovina, a Rússia não deve criar dificuldades adicionais (ver matéria acima). Quanto a Egito e Irã, também não há nada confirmado. Os dois países costumam seguir as decisões da União Europeia nesse campo. Como o bloco informou na quarta-feira que não pretende erguer barreiras contra o Brasil, o temor diminuiu.

Juntos, Rússia, Irã e Egito absorvem quase metade dos embarques de carne bovina do Brasil, que atende a cerca de 20% do consumo conjunto do trio, segundo o Barclays. Entre janeiro e setembro de 2012, os países compraram 357,7 mil toneladas do Brasil.