Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Geral

Expectativas do agronegócio

Veja quem deve ganhar e quem pode perder com a situação atual. Consultores calculam o Índice de Confiança do Produtor Rural.

Expectativas do agronegócio

As expectativas são boas para o agronegócio em 2011. Segundo os especialistas, a economia do Brasil deve continuar crescendo, os preços das commodities seguem em alta e, apesar da atuação do fenômeno La Niña, o país pode colher uma excelente safra de grãos. Porém, a crise mundial ainda exige atenção em muitos países, e o dólar baixo prejudica exportadores. Afinal, quem deve ganhar e quem pode perder com essa situação no ano que começa?

A partir de respostas obtidas em pesquisa em todas as regiões do Brasil, os consultores calculam o Índice de Confiança do Produtor Rural.

“O índice foi construído em função da participação das culturas na produção brasileira e o número de produtores que a gente acessa de cada cultura realmente faz com que fique um índice fidedigno ao que está acontecendo no campo e realmente às expectativas do produtor”, diz a consultora Camila Dias de Sá.

Com esta espécie de termômetro da agricultura brasileira, foi possível concluir que o homem do campo começa 2011 otimista.

“O produtor rural está confiante em uma rentabilidade positiva para 2011. A avaliação que ele faz de condições gerais do seu negócio, de câmbio, de valores de aquisição de fertilizantes e defensivos, máquinas e implementos, colocando tudo numa cesta, ele confia que vai ter um retorno positivo para sua atividade no ano de 2011”, diz Matheus Kfouri.

Quem confirma essa expectativa é o agricultor José Carlos Dolphine, de Campo Verde, em Mato Grosso. Os preços estimularam o produtor a plantar 1,7 mil hectares de soja nesta safra. A área aumentou em 60%. A previsão é de conseguir produzir pelo menos 50 sacas por hectare. Quase metade já foi vendida. Isso protege o produtor de uma eventual queda de preços na época da colheita, pois outros agricultores também plantaram mais.

“A gente ainda não sabe dizer o que vamos lucrar, por se tratar de uma cultura que você não tem 100% dos custos e nem 100% do valor que você vai obter comercializando. Então é um valor ainda que a gente não sabe dizer quanto vai ser. Mas a gente acredita que vai gerar um certo lucro pra estar atendendo às necessidades dos anos anteriores em que a gente teve bastante problema na agricultura. Eu posso dizer que sou animado sempre. Eu acho que o agricultor que não é animado não pode nem entrar na atividade, porque a agricultura, por se tratar de uma cultura de risco, um negócio em que você depende de clima, depende de mercado, depende de vários fatores, então você tem que estar animado”, declara Dolphine.

Proteção nunca é demais. Afinal, uma virada de preços pode acabar com todo esse otimismo. Na condição de exportador de alimentos, o Brasil está vulnerável a mudanças bruscas – principalmente no cenário externo. A crise internacional ainda não terminou.

A saúde financeira dos países mais ricos, que importam alimentos do Brasil, continua fragilizada. Isso pode impedir que os preços agrícolas continuem em alta em 2011.

“Você tem alguns mercados emergentes, crescendo, mas você tem por outro lado grandes mercados, as maiores economias do mundo, vivendo de maneira bastante frugal. Quer dizer, desemprego elevado, isso evidentemente limita a expansão de mercado de soja, derivados, etc”, avalia o consultor Fábio Silveira.

No mercado interno, o setor agrícola também enfrenta problemas. E são os mesmos de anos anteriores. Com a falta de infraestrutura e logística para a comercialização da safra, a formação de preços depende da oferta de produto. Na maioria das vezes, um ganha porque o outro perdeu. E em 2011 não deve ser diferente.

“É muito triste você imaginar que nós temos um cenário positivo para 2011 porque tem produtores que vão ir mal. Isso não é uma coisa para se comemorar. Nós temos que pensar que temos um cenário positivo porque temos a China aumentando e porque o Brasil fez investimento em infraestrutura, aprovou código ambiental. Enfim, que o Brasil melhorou seus portos”, diz o presidente da Aprosoja-MT, Glauber Silveira.

“Nós temos um custo muito elevado por conta da logística de transporte e tudo mais, porto que também precisa melhorar muito, e isso é uma coisa que não vai se resolver a curto prazo, é algo que precisa ser resolvido a longo prazo, mas que impacta diretamente na nossa produção no nosso custo de produção. Então a logística realmente é um calo nos pés do agricultor”, conclui Dolphine.