Uma das líderes do mercado veterinário brasileiro, a multinacional Merial informa que está com quase tudo certo para iniciar os embarques de vacina contra febre aftosa para a Argentina. Os primeiros embarques deverão ocorrer em 2012, já que neste ano ainda serão realizados os testes dos chamados lotes comerciais do produto.
A expectativa da companhia, que é controlada pelo laboratório francês Sanofi-Aventis, é que as exportações para o mercado argentino oscilem entre 10 milhões e 11 milhões de doses de vacina por ano. Essa será a primeira vez que uma empresa exportará a partir do Brasil vacinas contra aftosa para a Argentina.
“O mercado argentino consome anualmente entre 100 milhões e 110 milhões de doses. Queremos, num primeiro momento, conseguir uma participação de 10%”, afirma Alfredo Ihde, presidente da Merial no Brasil. “Precisamos apenas completar a aprovação de nossa fábrica, que já está se ajustando para atender às demandas necessárias”.
A fábrica de vacinas da Merial está instalada em Paulínia (SP) e já recebeu a visita de técnicos do governo argentino, que solicitaram alguns ajustes administrativos na planta. Os lotes experimentais já foram enviados e aprovados pelos argentinos. Nos próximos seis meses a empresa fabricará os lotes comerciais e no segundo semestre do ano os testes desses lotes serão realizados.
A exportação de vacinas contra febra aftosa para Argentina praticamente dobrará as vendas que a Merial já faz desse tipo de produto ao exterior. Em 2010, foram exportadas 12 milhões de doses para outros países da América do Sul, como Paraguai e Bolívia.
No ano passado, o faturamento com o mercado externo foi de R$ 115 milhões. O resultado representou um crescimento de 66% em comparação aos R$ 69,3 milhões obtidos em 2009. “Nosso desempenho nas exportações é resultado do amadurecimento dos investimentos que foram feitos nos últimos oito anos em nossa unidade de Paulínia. Nesse período foram aplicados entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões”, afirma Ihde.
Com o aumento das exportações, o mercado externo ganhou relevância dentro do negócio da Merial no Brasil. As vendas externas passaram a representar uma fatia de 27,6% da receita total da companhia, que no ano passado foi de R$ 417 milhões. Em 2009, as vendas totais da empresa foram de R$ 341,4 milhões, dos quais 20,3% foram referentes ao mercados externo.
Mesmo diante do crescimento das exportações, a expectativa de Ihde é que o mercado externo se estabilize. Para ele, as vendas internas também continuarão crescendo e representando praticamente de 70% do faturamento. No ano passado, as vendas internas da Merial foram de R$ 302 milhões, resultado 11% superior ao de 2009, quando as vendas para o mercado doméstico foram de R$ 272,1 milhões.
“O mercado de aves merece destaque. Lançamos novas vacinas e melhoramos os serviços aos clientes. Além disso, alteramos a política comercial para os suínos e avançamos em equinos e pets [animais de companhia]. Agora que 2010 acabou podemos dizer que foi um bom ano”, diz Ihde.
Apesar de o segmento de ruminantes ter crescido 8% no ano passado, Ihde lembra que a empresa no Brasil teve dificuldades para se abastecer com alguns produtos porque fábricas na Europa tiveram problemas de produção. “Fabricar vacina não é uma ciência exata e algumas vezes ocorrem problemas. Acredito que isso será resolvido em 2011 para crescermos em ruminantes, já que a pecuária deve continuar aquecida”, diz.