Diferentemente do que era esperado, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) não revisou para baixo sua estimativa para os estoques americanos de soja. Para o fim da safra 2010/11 são esperadas 3,81 milhões de toneladas ante as 3,82 milhões previstas em março, dado que acabou por frustar o mercado.
As primeiras análises indicaram que a notícia poderia pressionar para baixo os preços, ainda mais com o aumento de estimativa para a produção no Brasil de 70 milhões para 72 milhões de toneladas. No entanto, diante do sentimento de que a situação de oferta permanece apertada e de que a demanda não apresenta sinais de esfriamento, os preços subiram 2,1% na última sexta-feira para US$ 14,0375 por bushel.
E de fato a demanda pela soja americana continua firme. Apenas na semana passada, o USDA relatou duas vendas diárias acima de 100 mil toneladas cada uma delas, ambas para destinos desconhecidos e para entrega na safra 2011/12. “Os preços podem subir ainda mais se continuar havendo uma migração de terras outras culturas diferentes da soja”, afirma Steve Cachia, analistas de grãos da Cerealpar.
Outro fator de sustentação para a soja é o preço do milho, que segue em alta. No último pregão, as entregas para julho subiram 1% para US$ 7,74 por bushel, diante da percepção de que a demanda pelo cereal para a produção de etanol e ração animal segue aquecida, apesar de o mercado ter alcançado o nível mais elevado desde 2008. O próprio USDA revisou para cima sua expectativa de demanda global.
A estimativa de abril indicou uma necessidade mundial de 838,32 milhões de toneladas de milho em 2010/11. O volume é apenas 0,4% superior ao previsto em março, mas diante do elevado patamar que o preço alcançou a expectativa era a demanda recuasse. Entre os grandes consumidores, a China é o que mais se destaca. A previsão é que o país consuma 164 milhões de toneladas, 1,2% mais que o previsto em março.
No caso do trigo, o relatório do USDA também não trouxe nenhuma alteração relevante para influenciar os preços. Ainda assim, as entregas para julho subiram 2,9% para US$ 8,3225 por bushel na bolsa de Chicago e para US$ 9,43 em Kansas (1%). Apesar de o relatório não ter alterado sua expectativa para a produtividade americana, o mercado ainda acredita que a pior seca em nove anos ainda possa provocar quedas no rendimento.