Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Internet

Agronegócio digital

Rede social: saiba como utilizar as mídias no agronegócio. Setor no Brasil aproveita pouco os benefícios das ferramentas online para se relacionar com clientes.

Agronegócio digital

Quase 74 milhões de brasileiros tiveram acesso à internet em 2010, de acordo com a pesquisa Ibope Nielsen Online. Já as redes sociais – como Orkut, Twitter e Facebook – foram frequentadas no país por mais de 35 milhões de pessoas, segundo a empresa de análise de mercado digital comScore, o que coloca o Brasil em quinto lugar no ranking mundial de usuários dessas comunidades interativas. Todo esse público e as oportunidades de negócios que tais ferramentas podem gerar, no entanto, ainda são pouco explorados pelo segmento agropecuário nacional. É o que mostra o recém-lançado estudo Agronegócios 2.0, da consultoria brasileira TerraForum.

Ao longo dos últimos anos, as empresas têm percebido o valor das redes socias. Pesquisa encomendada pela revista Businessweek mostrou que, entre as 100 companhias mais valiosas do planeta, as que mais investiram nessas mídias cresceram 18% em um ano, enquanto as que pouco deram importância ao assunto tiveram queda de 6%. Para conhecer essa realidade no cenário agropecuário, o estudo Agronegócios 2.0 analisou centenas de empresas ligadas ao universo do campo, selecionando os 13 casos mais relevantes de atuação na internet. Uma constatação marcante é que as companhias estrangeiras usaram mais expressivamente as redes do que as nacionais para se relacionar com os clientes. Dos exemplos apontados pela TerraForum, apenas dois são brasileiros: a BR Foods e a Secretaria de Agricultura de São Paulo. Mas a pequisa também inclui empresas transnacionais com atuação no país, como a Monsanto e a fabricante de máquinas agrícolas AGCO.

A Monsanto, por exemplo, tem 7,6 mil seguidores no microblog Twitter em âmbito global e está presente também no Facebook. Nesses dois espaços, mantém atualização diária e produção de conteúdo, que geram acessos a outras mídias ligadas à marca na rede mundial, como o blog da empresa e seu canal de vídeos no YouTube. Além de notícias da área e informações sobre lançamentos da multinacional, a empresa se propõe a discutir o tema transgênicos e a estreitar relacionamentos, esclarecendo as argumentações negativas e disseminando as positivas. A companhia tem nos Estados Unidos um setor exclusivo para administrar a marca nas mídias on-line, segundo o gerente de comunicação no Brasil, Geraldo Magella. Entretanto, ele explica que, por aqui, a Monsanto decidiu caminhar com mais calma. Uma equipe reduzida fez a escolha recair em apenas dois canais de trabalho: o Twitter, onde está desde 2009 e hoje tem 1,3 mil seguidores, e o YouTube, com cerca de 50 vídeos. “Essas mídias são mais uma forma de atingirmos nosso público, que não é só o rural, mas o mercado financeiro, ONGs, gente a favor e contra a biotecnologia. Com o contato direto, estamos conseguindo dobrar o número de seguidores a cada seis meses”, diz Magella.

O sócio-presidente da consultoria TerraForum, José Cláudio Terra, afirma que as empresas agrícolas brasileiras estão alheias às redes de interação na internet. “Elas ainda não entenderam como usar. O agronegócio brasileiro é respeitado mundialmente pelo ganho de produtividade por meio do uso de tecnologia; agora há uma grande tecnologia à disposição que parece estar passando ao largo do setor”, diz. E não basta fazer promoções e falar bem do próprio produto. “É preciso ter conteúdo relevante. Tem de agregar conhecimento para o usuário.”

Terra cita o exemplo da AGCO. O blog da matriz nos Estados Unidos é visitado por 48 mil pessoas mensalmente e no YouTube tem 180 mil visualizações. A companhia tira dúvidas de clientes on-line e explica nos vídeos como usar os produtos. Outro caso bem-sucedido é o dos pequenos produtores agrupados no site Eat Maine Foods (Coma Produtos do Maine, em português) para trocar boas práticas, comercializar insumos sem intermediação e oferecer empregos.

Um bom exemplo brasileiro que ficou de fora do estudo da TerraForum é o Café Meridiano. A marca capixaba criou vídeos para a internet com receitas à base de café por sugestão de usuários que a acompanhavam nas redes sociais. O conteúdo gerou um DVD, lançado como ação promocional nos pontos de venda. O investimento nessas mídias – que corresponde a entre 7% e 10% do faturamento – começou em 2010. “Fizemos um planejamento e percebemos um número dez vezes maior de visitação mensal em nosso site em relação ao ano anterior”, afirma o coordenador de comunicação da empresa, Eder Pancieri. Os planos da Meridiano culminaram com uma loja virtual e, de acordo com Pancieri, estar nas ferramentas de interatividade também ajudou a aumentar as vendas. “Hoje temos pedidos de todo o Brasil, de lugares que antes nem imaginávamos.