As razões para o baixo consumo de carne suína vão desde questões culturais até cuidados com a saúde e boa forma, segundo pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, da administradora Maria Stella Beregeno Lemos de Melo Saab, revela que o consumidor ainda acredita que o suíno seja criado de maneira inadequada e, por isso, transmita doenças.
A crença em que a carne de frango seja mais saudável por ser mais magra e menos calórica é outro fator para o baixo consumo da carne suína. Além disso, para Maria o consumidor também escolhe a carne de frango, por exemplo, por questões econômicas e acredita que a carne bovina e de frango são mais fáceis e práticas de preparar.
Dados do Anuário da Pecuária Brasileira (Anualpec) mostram que o consumo per capita de carne suína é o menor em comparação com os outros tipos de carne. A partir disso, a pesquisa, orientada pelo professor Marcos Fava Neves, busca entender como se comportam os consumidores de carne suína no Brasil com relação às maneiras e preferências de compra e consumo.
Em relação às atitudes e valores dos consumidores de carne suína e o consumo, a pesquisadora relata que “a relação entre o consumo de alimentos frescos e valores de ‘liberdade’ e ‘hedonismo’ mostraram que possivelmente pessoas com esses valores prefiram alimentos mais fáceis e rápidos de preparar a fim de ter tempo disponível para suas atividades de lazer”, afirma.
Metodologia
O estudo foi feito por amostragem em quatro diferentes estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Goiás. Nestes estados, foram selecionadas cidades que estivessem em regiões com uma produção de carne suína relevante, nelas foram ouvidos 480 consumidores. “Procuramos escolher cidades que estivessem em regiões que fossem ao mesmo tempo importantes centros consumidores e importantes centros de produção de suínos”, afirma Maria.
Na tentativa de medir o nível de penetração do produto entre os consumidores, a pesquisa buscou detectar a rotina do consumidor, como locais de compra da carne, como ele compra, onde consome, na companhia de quem consome, com que frequência consome, como prepara. “Com isso, descobrimos que os produtos pesquisados têm um bom nível de penetração entre os consumidores da amostra, o que indica que são conhecidos, mas não necessariamente que sejam consumidos. Isso confirma o conceito de que a carne suína é aceita pelos consumidores e que seu consumo não é mais alto por fatores culturais e também de disponibilidade dos produtos nos pontos de venda, falta de variedade de cortes e de produtos processados, entre outros” revela a pesquisadora.
Crescimento da Produção
Dentro do agronegócio, a suinocultura é um dos setores que mais têm crescido. De 1999 a 2009, a produção apresentou crescimento de 136%. Só a produção da atividade suinocultura industrial melhorou 21% entre 2002 e 2009. Segundo Maria Stella a cadeia suína brasileira em 2010 contabilizou 30 milhões de cabeças, produção de três milhões de toneladas de carne, geração de 630 mil empregos diretos e indiretos, investimentos no campo e na indústria de R$ 9 bilhões.
A pesquisadora afirma que ser capaz de oferecer ao consumidor final o produto que ele deseja com os atributos que ele quer é a única maneira de expandir o consumo de carne suína no País. “A carne suína é ainda muito pouco consumida no Brasil apesar de ser um item importante na alimentação humana por seu alto valor nutricional, além de, principalmente, apresentar uma alta e crescente produção de boa qualidade no país e de ser bem aceita pela população”, conclui.