Criadores de suínos aguardam com expectativa o fim do embargo russo a 85 frigoríficos brasileiros. O preço ao produtor despencou por causa da proibição das exportações, que começou em 15 de junho e atinge três Estados.
A carne suína foi a mais prejudicada pela restrição. A possibilidade de abarrotar o mercado interno com o produto, que não pode ser vendido para o principal consumidor internacional, fez com que os preços pagos ao suinocultor ficassem abaixo do custo de produção.
“No início ela teve uma força especulativa muito grande. Abaixou os preços no mercado interno, então, logo no primeiro impacto, ela foi muito negativa e a nossa expectativa é que, agora, com a volta da quebra desse embargo é que as coisas voltem a melhorar e voltem a um patamar que estavam antes”, disse Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).
O possível fim do bloqueio está no documento oficial que a autoridade sanitária russa divulgou na internet. O número de frigoríficos habilitados para exportar caiu de 236 para 143. Os 93 que ficaram de fora da lista, caso cumpram as novas exigências e passem por inspeção, poderão ser reabilitados. Também foi destacada a atitude do governo brasileiro de ter demitido chefes do serviço veterinário dos Estados, com chance de mais substituições. Por último, a Rússia pediu garantia de abastecimento mesmo com o número reduzido de empresas.
A Assessoria de Comunicação do Ministério da Agricultura aguarda uma resposta do governo russo sobre o fim do embargo para os próximos dias. A expectativa é de que as exportações sejam retomadas no mês de agosto. Uma missão russa pode vir ao Brasil para inspecionar frigoríficos.
Para o especialista em agronegócio Luis Vicente Gentil, as exigências internacionais precisam ser cumpridas, sem espaço para amadorismo.
“Um dos problemas foi a tradução de um documento brasileiro, escrito em português, obviamente, para o russo, que deu mal-entendimento entre os dois idiomas. Quer dizer, não é exatamente profissional um comportamento como esse”, declarou Luis Vicente Gentil, professor de agronegócio da Universidade de Brasília (UnB).
A União Brasileira de Avicultura lamenta os impactos provocados pela suspensão das vendas.
“Sem dúvida nenhuma, representa muito não só para a carne bovina, suína e de aves, mas para a imagem do Brasil, porque o que ficou arranhada também foi a imagem do Brasil, dos laboratórios do Brasil, dos conceitos do Brasil”, comentou Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).