O preço do suíno no Brasil ensaia uma recuperação neste mês de setembro, devido principalmente a elevação dos volumes exportados em agosto, e a perspectiva de bons embarques nos próximos meses, e a recuperação do cambio. Hong Kong e Ucrânia seguem como principais compradores dessa proteína do Brasil, enquanto a Rússia mantém o seu embargo aos frigoríficos do País.
Em julho, o Brasil exportou apenas 34 mil toneladas de carne suína e a expectativa inicial do mercado era que em agosto os volumes seriam bastante reduzidos também. “A queda nas cotações esteve atrelada à forte pressão de compradores, que alegavam existir carne em estoque. Com isso, os valores da carne no atacado acabaram recuando, ao mesmo tempo em que frigoríficos reduziram a procura por animais para abate”, contou a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Camila Ortelan.
Com uma exportação de 43 mil toneladas em agosto deste ano, que representa um crescimento de 26% ante o mês anterior, e uma pequena queda de 4% ante o ano passado, quando o País embarcou 45 mil toneladas de suínos, o setor voltou a ficar otimista. “Em agosto os preços começaram a recuar no final do mês, o motivo foi por conta do volume das exportações que até então acreditavam que eram pequenos. No entanto os volumes foram bastante bons e isso mexeu com o mercado, fazendo com que os produtores pedissem valores mais altos pelo animal”, disse Camila.
A variação dos preços no mês de agosto fechou com um recuo de 22% em São Paulo, dado que os preços iniciais estavam na casa dos R$ 2,49 o quilo e recuaram para R$ 2,18 no final do mês. Em Minas Gerais o impacto negativo foi de 22,6%, seguido pelo Paraná com recuo de 17,9% e Santa Catarina com queda de 10%. Enquanto isso, o preço do milho, que já está em patamares elevados, seguem em alta, com variação positiva nos preços de quase 3%.
Para o analista do Safras & Mercado, Felipe Netto, a partir desde mês de setembro os preços tendem a ficar mais elevados para os suínos, dado que a demanda pela proteína é grande. “Em setembro a expectativa é que as exportações sejam maiores, superando a marca das 45 mil toneladas. A demanda pelo produto começa a aumentar e vai até dezembro”, disse ele ao considerar “Também esperamos que a receita obtida com as vendas fiquem maiores, porque o cambio deve ajudar”.
Com esse bom resultado nos embarques de agosto, e o custo de produção elevado, os preços dos suínos voltaram a se elevar nesse mês. Em São Paulo a variação dos valores de venda foi positiva em 20,9%, passando de R$ 2,14 nos primeiros dias do mês, para pouco mais de R$ 2,29 nessa semana. Em Minas Gerais os preços subiram 13,4%, seguido por Paraná com uma variação positiva de 12,4% e Santa Catarina com o pior desempenho de recuperação do País com quase 3% de aumento.
Para Netto essa recuperação deve mesmo seguir por setembro adentro, fechando com preços médios de R$ 2,4 o quilo do suíno. “O preço segue em recuperação, e até o final de setembro. Em outubro e novembro a demanda pela carne é bastante elevada, com isso podemos garantir preços melhores até o final do ano”, disse.
Já o preço do milho segue com uma variação positiva, fechando parcialmente com 3,7% de incremento em Campinas, interior de São Paulo. Segundo Netto apesar dessa recuperação no preço do suíno, a relação de troca para o produtor segue negativa. “A relação de troca entre o custo de produção e o preço de venda é um dos menores desde 2007. Ou seja, a receita do produtor rural ainda não cobre os custos”.
Por fim, o analista ressaltou que enquanto a Rússia seguir com o embargo às carnes brasileiras, Hong Kong e Ucrânia seguirão como os principais compradores de suínos do Brasil.