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Biotecnologia em destaque

CIB assume desafio de tornar biotecnologia algo "mais palatável". Segundo Adriana Brondani, do CIB, "só as críticas" chegam ao consumidor.

O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) chega a dez anos de atuação com um novo desafio: convencer o consumidor brasileiro de que os alimentos à base de organismos geneticamente modificados são seguros para a saúde. E essa missão ficará a cargo de Adriana Brondani, cientista gaúcha que acaba de assumir a diretoria-executiva da entidade, substituindo Alda Lerayer, que volta ao setor privado.

Se antes era fundamental que o CIB, formado por cientistas e financiado pela indústria, atuasse como um “cão de guarda” dos transgênicos, agora a ideia é tornar a biotecnologia mais palatável ao cidadão comum. Não que o espírito de cão de guarda será esquecido – a resistência aos transgênicos ainda existe no Brasil. Mas a situação mudou bastante na última década, com o arrefecimento das denúncias de insegurança ambiental e à saúde humana na medida em que o governo dava sinal verde a novas aprovações de transgênicos.

Apesar de muitos setores da sociedade ainda criticarem a transgenia no campo, o crescimento dessas lavouras ganhou proporção tão grande que sugere uma situação sem volta. Variedades transgênicas de soja, milho e algodão foram aprovadas para cultivo e comercialização no Brasil e ultrapassaram em muito o volume de sementes convencionais plantadas. Mais recentemente, o feijão transgênico foi aprovado.

Por isso, a mudança de foco do CIB. Adriana admite que a escolha do seu nome se deve, em parte, à sua experiência em projetos de comunicação científica. Nos últimos anos, ela idealizou e fundou um portal na internet e programas de rádio e TV em Porto Alegre para esclarecer aos jovens dúvidas relacionadas à ciência, das coisas mais triviais até a biotecnologia. “A informação não chega ao consumidor. Só as críticas”, diz ela.

Para atingir o objetivo, Adriana pretende usar todos os meios que tiver às mãos. E as mídias sociais terão papel fundamental. Hoje, o CIB está no Twitter com dois perfis (transgênicosbr e biotecnologiabr), com 1.100 seguidores. Nessa primeira experiência em novas mídias, a entidade diz já ter identificado uma diferença importante nas nomenclaturas: citações de “transgênicos” estão geralmente associadas a algo ruim, enquanto as de “biotecnologia” são vistas como ciência (algo positivo).

É esse tipo de “correção conceitual” que Adriana quer trabalhar. Ela quer trabalhar mais com vídeos educativos no You Tube e não abre mão do corpo-a-corpo com formadores de opinião, aumentando a participação em fóruns, feiras e palestras em escolas e universidades. “Queremos chegar nos professores e nutricionistas, que são quem passa a informação para a frente”. Segundo Adriana, ainda há confusão e distorção no conhecimento da engenharia genética. Cita como exemplo o caso de uma nutricionista que lhe perguntou se o gene inserido no grão transgênico pode ser incorporado por quem come. “Há erros também nos livros didáticos (…). Precisamos articular a linguagem científica”.

Levar adiante novos projetos de comunicação deverá requerer mais aportes. O CIB é financiado integralmente pelo Crop Life, um fundo das cinco maiores empresas de biotecnologia do mundo para contra-atacar as informações negativas sobre os transgênicos. Sem revelar o orçamento atual da entidade, Adriana diz que os valores não têm caído nem aumentado, mas que não serão suficientes para financiar todos os planos que ela começa agora a desenhar para a entidade. “A ideia é buscar novos parceiros”.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de transgênicos, atrás dos Estados Unidos. Segundo o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Biotecnológicas Agrícolas (ISAAA, em inglês), o país plantou 25,4 milhões de hectares com transgênicos na temporada 2010/11. Para a próxima safra, estima-se que a área chegará a 30,4 milhões de hectares. Perdem todos, dizem os opositores, já que não há estudos científicos de longo prazo que comprovem a inocuidade da tecnologia à saúde e ao ambiente.