Até há pouco tempo visto como produto do futuro, o etanol de segunda geração está mais perto de se tornar realidade. Uma das tecnologias estudadas pode estar disponível já a partir de 2012.
O etanol de segunda geração é o combustível produzido a partir de celulose, que pode ser encontrada no bagaço e na palha da cana, entre outros resíduos agrícolas.
Apesar de os subprodutos do processamento da cana hoje serem usados para cogeração de energia elétrica, essa não é a forma mais eficiente de aproveitar a energia contida nesses resíduos.
A cana é a matéria-prima mais eficiente para produzir etanol. Ainda assim, apenas um terço de seu potencial energético é aproveitado.
Com o uso dos subprodutos, seria possível dobrar a produção do combustível em uma mesma área agrícola, segundo Alfred Szwarc, consultor da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar).
José Manuel Cabral, da Embrapa Agroenergia, tem previsão mais conservadora. Diz que há potencial para produzir entre 30% e 40% mais etanol a partir do bagaço da cana, sem expansão de área.
Não há consenso em torno dos números, mas otimistas e conservadores concordam que o potencial é grande. Por isso, há anos teve início uma corrida mundial no campo das pesquisas para a obtenção de uma fórmula eficiente e viável economicamente para a produção do etanol de segunda geração.
Enzimas – No Brasil, o foco das pesquisas é a cana-de-açúcar. E um dos processos estudados, o de hidrólis e enzimática, já se aproxima da viabilidade econômica.
Em linhas gerais, o processo consiste em desestruturar o tecido vegetal e adicionar enzimas que transformam a celulose em açúcares usados para produzir o etanol.
A Novozymes, empresa dinamarquesa que investe no desenvolvimento dessas enzimas há 11 anos, promete apresentar ao mercado em 2012 uma nova enzima a custos viáveis.
A empresa trabalha em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Petrobras e com a fabricante de equipamentos Dedini para colocar disponível todo o processo de produção na usina que optar pela nova tecnologia precisará de adaptações.
A dinamarquesa não é a única empresa em busca de uma enzima economicamente viável. Pesquisadores da Embrapa, da Coppe/UFRJ e de outras universidades apoiadas pela Fapesp também se dedicam a pesquisas envolvendo o processo de hidrólise.
Já o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) testa produzir gás a partir da queima da biomassa, submetida a alta temperatura e baixo teor de oxigênio. O gás produzido a partir da combustão pode ser usado diretamente em turbinas ou transformado em combustíveis, como o etanol, após passar por um novo processo químico.