Em meio à crise na Europa, a renda agrícola dos produtores europeus aumentou 6,7% em termos reais este ano, metade da expansão de 12,6% registrada em 2010, conforme as primeiras estimativas da União Europeia (UE).
Para a central agrícola Copa Cogeca, a estimativa é positiva porque ainda mostra aumento na renda, mas a entidade avisa que isso pode mudar em fevereiro, quando for levada em conta as quedas de preços de cereais. Segundo a Copa Cogeca, as cotações do trigo vêm baixando gradualmente desde julho e as do milho, desde setembro.
Além disso, a central estima que a crise na zona do euro e a desaceleração econômica global vão “impedir” a reativação do consumo de carne no mercado europeu de 500 milhões de consumidores. Sempre pedindo mais proteção e subsídios, a central afirma que a renda agrícola na Europa encontra-se em “nível critico”, ficando abaixo de 50% do salário médio recebido em outros setores.
O fato, como assinala a UE, é que a renda real do agricultor europeu aumentou 18,3% entre 2005 e 1011, enquanto a mão de obra agrícola diminuiu 15,2%.
A ajuda oficial total (incluindo o efeito de tarifa de importação que freia a entrada de produto estrangeiro) representou 22% do valor da produção agrícola na UE no ano passado, o equivalente a US$ 101,3 bilhões. Em comparação, a quantia de US$ 7,1 bilhões no Brasil representou apenas 5% do valor total da produção, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade que reúne países ricos.
Este ano, o crescimento da renda agrícola real nos 27 países da UE se deve principalmente à alta do valor da produção, de 7,5%. Os preços aumentaram na maioria das categorias de produtos vegetais, com exceção de legumes frescos, flores e óleo de oliva.
As altas de preços mais marcantes ocorreram nos cereais (18,9%), grãos oleaginosos (18,4%), beterraba e açúcar (3,6%) e vinho (2,3%).
As maiores altas de volumes ocorreram na produção de beterraba e açúcar, com 13,7%, vinho com 4,6%, batata com 4,2%.
A renda agrícola aumentou em 19 países europeus e declinou em oito. As principais altas foram na Romênia com 41,8%, na Irlanda com 30,1% e na Eslováquia, com 25,3%.
O maior recuo foi na Bélgica. Agricultores de países afetados pela crise da dívida soberana também sofreram, com queda na renda de 10,7% em Portugal e de 5,3% na Grécia. Os italianos se saíram bem, com alta de 11,4%.
A Copa Cogeca prevê, por outro lado, que a produção de cereais na UE em 2012/13 será estável, com 55,7 milhões de hectares, sem bater o recorde de 2008. A produção de oleaginosas na safra 2011/12 terá ligeira alta, com expansão de 5,2% no caso de canola.