As exportações do Brasil para os Estados Unidos devem avançar cerca de 20% em 2010, fechando o ano em torno de US$ 17 bilhões. As informações são do secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Welber Barral, que participou nesta terça-feira da plenária do Conselho Empresarial Brasil-EUA, em São Paulo. “Conseguimos aumentar nossa participação de mercado nos EUA”, declarou.
Apesar disso, as vendas para o país ainda não voltaram ao patamar pré-crise. “O Brasil sofre muito com o sistema tributário e com os problemas de infraestetrutura”, explicou Barral, comentando que, de 2007 para 2008, as exportações brasileiras dobraram, passando de US$ 100 bilhões para US$ 200 bilhões, mas os portos, aeroportos e estradas não acompanharam o crescimento.
O secretário do MDIC ainda comentou que, para o Mercosul, a vendas do Brasil devem aumentar neste ano quase 50%, e para a Ásia, a alta prevista é de cerca de 40%. O câmbio, em sua avaliação, tem influenciado as negociações comerciais com outros países, mas ele não teria o impacto tão forte sobre as exportações se o Brasil não sofresse com entraves de logística.
A complexidade do sistema tributário brasileiro também foi apontada como um limitador de negócios. “Nosso sistema tributário é dos anos 40. Até pouco tempo, o Brasil era um país muito fechado. Precisamos desmontar esse aparato burocrático, que vem de décadas”, comentou. “A complexidade de nossa legislação [tributária] pesa mais nos negócios que a carga de impostos”, concluiu.
No que diz respeito às importações de produtos americanos, a expectativa é de crescimento de 35% neste ano, segundo projeções do MDIC.
Algodão
As negociações com os EUA após o Brasil ganhar na Organização Mundial do Comércio (OMC) o direito de retaliação devido a práticas irregulares no setor de algodão foram consideradas “sensatas” por Barral. “Os Estados Unidos fizeram concessões históricas e o setor de algodão ficou satisfeito”, disse.
Segundo Barral, foi realizado um acordo que cria uma série de obrigações para os dois países, englobando temas como o comércio de carne de porco e o pagamento de compensações.