Será mais difícil encontrar grãos convencionais no Paraná no ano que vem. Três de cada quatro sacas de soja e milho que o estado irá colher neste verão serão transgênicas, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. As sementes geneticamente modificadas (GM), que no ano passado cobriam pouco mais da metade das lavouras, vão ocupar 76% da área no ciclo 2010/11.
Levantamento da Expedição mostra que a soja GM ganha quase um milhão de hectares nesta temporada. A participação das sementes transgênicas passou de 66% no ciclo passado para 83%. Foi o maior salto desde a 2006/07, primeiro ano da sondagem da Expedição e safra de estreia legal da tecnologia RR (resistente ao glifosato, herbicida que controla as ervas daninhas) no Brasil.
Maior disponibilidade de sementes e variedades mais adaptadas e produtivas, manejo mais simples e redução do custo operacional foram citados pelos produtores ouvidos pelos técnicos e jornalistas como os principais motivos para o crescimento.
Com contratos a cumprir, indústrias especializadas no processamento de grãos não- transgênicos prevêem dificuldade de abastecimento. A cooperativa Coamo, com sede em Campo Mourão (Centro-Oeste), está preocupada. Precisa entregar a clientes europeus dois navios de farelo de soja convencional por mês – cerca de 1 milhão de toneladas no total -, mas não encontra matéria-prima suficiente.
As sementes transgênicas, que no ano passado se estendiam por 68% das lavouras, neste ano ocupam 88% da área de atuação da cooperativa, que além do Centro-Oeste paranaense atua também em Mato Grosso do Sul. “Em algumas regiões, não tem nem 5% de soja convencional”, relata o presidente José Aroldo Gallassini.
Milho – O milho transgênico venceu a perda de terreno da cultura e conquistou mais 150 mil hectares no Paraná neste verão. O índice de adoção do cereal GM avançou de 44% no ciclo 2009/10 para 71% em 2010/11. Na última safrinha, atingiu 61% de cobertura no estado.
A tecnologia que mais tem atraído o produtor é a que confere resistência a pragas como a lagarta-do-cartucho. Geraldo Slob, de Carambeí (Campo Gerais), conta que depois de testar e aprovar a tecnologia, está ampliando participação GM de 40% para 80% da área.