Os suinocultores gaúchos participaram, ontem, do evento mais importante do setor, a 36ª edição do Dia do Porco. A programação incluiu palestras técnicas, discussão sobre o mercado e confraternização. Neste ano, o Dia do Porco, promovido pela Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), foi realizado no município de Barra do Rio Azul.
Conforme o presidente da Acsurs, Valdecir Folador, o setor tem motivos para comemorar e também para refletir. Um dos fatos mais positivos é a volta à Expointer, que ocorre no final do mês, em Esteio. A suinocultura foi rechaçada no ano passado por conta de um equívoco. A gripe causada pelo vírus H1N1 correu os noticiários com o nome de gripe suína. A falta de esclarecimento em tempo hábil causou temor generalizado na população. O resultado foi ficar de fora da Expointer e a redução do consumo. De lá para cá, entidades do setor tiveram que se empenhar para recuperar a credibilidade.
Voltar à Expointer, segundo Folador, representa uma grande oportunidade de negócios e de mostrar a qualidade do plantel gaúcho. “É um contato importante entre produtores, além da captação de negócios e da atualização técnica.”
Exportações
Segundo Folador, os resultados das exportações, embora modestos, são favoráveis. No primeiro semestre de 2010, o Estado gaúcho teve queda de 12% no volume exportado – 121,5 mil toneladas, contra 138,2 mil toneladas no mesmo período do ano passado. Entretanto, o faturamento cresceu 13,7%, o que é um bom indicativo. A expectativa para o segundo semestre é de recuperar o volume e seguir crescendo em faturamento.
O primeiro semestre teve ligeira melhora no faturamento, mas nada relacionado a preço. Folador explica que o valor pago aos produtores não se modificou. Já os insumos tiveram queda, reduzindo o custo da criação. Mesmo assim, pondera que a margem é “apertada”, considerando a necessidade de investimentos essenciais para acompanhar o mercado.
Mercado
As entidades representativas da suinocultura seguem em campanha de incentivo ao consumo interno da carne in natura. No Brasil, o consumo per capita/ano é de 14 quilos, seis quilos in natura e oito quilos de produtos industrializados à base de suínos. Entre as ações para atrair consumidores está a oferta de cortes diferenciados. Entretanto, Folador afirma: “Temos um grande caminho pela frente”.
Produção
O caminho da produção suína é o modelo integrado. O criador tem apoio técnico, escoamento garantido da produção, entre outras vantagens. Porém, em casos pontuais, fica refém da empresa com a qual mantém contrato. Um exemplo recente foi da Doux Frangosul, de Montenegro. Entre os problemas enfrentados estava o atraso nos pagamentos aos suinocultores. “Chegou a quatro meses”, lembra. Atualmente, os criadores precisam esperar de 30 a 60 dias, o que não é contratual. O problema mais grave talvez tenha sido a demora na entrega de rações, chegando três a quatro dias além do previsto.
De volta à Expointer
A gripe A (H1N1) e a enxurrada de janeiro, que castigou Marques de Souza, já são coisas do passado para os administradores da Granja Marquesa, uma das maiores criadoras de suínos do Estado. Mesmo com as situações adversas enfrentadas pela empresa, os preparativos têm sido intensos a fim de fazer parte da Expointer. “Tivemos prejuízos dobrados por não poder participar da feira no ano passado e pela enxurrada que vitimou em torno de 500 porcos”, afirma o administrador Auri Henicka.
O empreendimento se destaca na produção de leitões, fornecendo matéria-prima para diversos frigoríficos do país e exterior, além de granjas de reprodução. O plantel é integrado por 1,5 mil animais, a maioria pertencente às raças Large White e Landrace, alojados na propriedade rural que tem cerca de dez hectares, em Marques de Souza.?“A cada 112 dias, em média, os suínos estão prontos para a comercialização”, destaca Henicka.
A Granja Marquesa foi criada em 1959 pela mãe de Henicka, Elda Carmen Schauer. Desde então, a empresa vem conquistando prêmios em feiras e obtendo reconhecimento até fora do país. “Investimos muito nas participações em eventos como a Expointer. Graças a isso já temos clientes no Uruguai, Chile e Argentina”, destaca Elda, que comanda os negócios. Na sala de troféus estão expostos mais de 700 prêmios que ajudam a contar um pouco da história da organização.
No final do mês, Elda Carmen e seus colaboradores tomam novamente o rumo da Expointer em Esteio. Vão ser levados 24 leitões, e a expectativa é de aumentar a galeria de troféus. Um dos destaques é um exemplar pesando em torno de 450 quilos. “A Expointer é uma vitrina, dá nome, pois quando somos premiados, a divulgação é em nível nacional, pela rádio, televisão e jornal. E isso dá retorno. Sentimos isso no ano passado ao não participarmos da feira”, salienta Henicka. “Queremos é conquistar bons prêmios”, emenda.
O Informativo, amigo da suinocultura gaúcha
As reportagens publicadas no ano passado, noticiando de forma correta a ausência dos suínos na Expointer, as causas e efeitos da gripe A, e outras matérias sobre a cadeia ao longo de sua história levaram o jornal O Informativo a percorrer, ontem, mais de 600 quilômetros. Representantes da equipe deslocaram-se de Lajeado a Barra do Rio Azul, onde ocorria o 36º Dia do Porco, promovido pela Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), para receber o Troféu Amigo da Suinocultura Gaúcha. Foi um reconhecimento da entidade estadual, sediada em Estrela, ao trabalho realizado pela equipe de O Informativo em prol da cadeia suinícola. “Informar, de forma transparente e imparcial, as dificuldades de produtores e suas conquistas, é papel do nosso veículo, que prima pela qualidade e pelo desenvolvimento do Vale. Somos parceiros de todos que têm esses mesmos objetivos, assim como trabalha a Acsurs, uma entidade séria e comprometida com sua gente”, destacou a editora do jornal, Carine Schwingel.
Além de O Informativo, destacado por meio de pesquisa feita no Rio Grande do Sul na categoria veículo regional, também foram laureados o Correio do Povo e deputados estaduais e federais que têm manifestado seu apoio e defesa à suinocultura gaúcha. Ainda, e de forma inesperada, recebeu uma homenagem o superintendente do Registro Genealógico de Suínos, Gilberto Moacir da Silva, pelos relevantes serviços prestados. Emocionado, não conseguiu conter as lágrimas, assim como seus colegas, que também não conteram a emoção.
Uma comitiva do Vale do Taquari se fez presente durante todo o dia, com representantes de cidades como Arroio do Meio, Colinas, Imigrante, Cruzeiro do Sul, Poço das Antas, Westfália, Estrela, Lajeado e Teutônia. Eles partiram ainda na madrugada de sexta-feira, por volta das 3h30min, para conseguir participar da programação desenvolvida desde a manhã de ontem. Acompanharam o discurso dos parlamentares homenageados e de representantes do município e da região, além das palavras do presidente da Acsurs, Valdecir Folador, que destacou a importância de os produtores exercerem seu direito de voto escolhendo, nas eleições de outubro, representantes que se comprometem com a causa.