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Manejo

Inseminação em suínos

A melhor forma de coleta do sêmen do cachaço para procedimentos de inseminação articial é abordada por reportagem do Globo Rural.

Inseminação em suínos

 A dona Edilaine Barbosa, de Cordeiróplis, São Paulo, quer saber como se faz a coleta do sêmen do cachaço. A repórter Helen Martins foi até Pirassununga, em São Paulo, falar com especialistas nessa área.

O laboratório de pesquisas em suínos, da Faculdade de Veterinária e Zootecnia da USP, parece uma criação comum. Quem coordena os trabalhos é o veterinário Anibal Moretti.

O primeiro passo para fazer a coleta do sêmen do cachaço na propriedade é condicionar o animal à sua nova parceira: um manequim de metal.

“Esse treinamento é feito todo dia, por 20 minutos. O macho vem, você estimula colocando urina da fêmea em cio ou estímulos do prepúcio, ele começa a se ambientar e, com o tempo, faz a monta. Quando se considera que ele, verdadeiramente, já está habituado com isso, por três vezes consecutivos, ele monta no manequim e você consegue expor o pênis. Pode levar até um mês para que ele se habitue a esse ambiente”, diz Moretti.

O condicionamento exige paciência, mas no laboratório os animais já estão acostumados e vão direto para o local certo, sem dar trabalho.

A veterinária da USP, Simone Kitamura, começa fazendo a limpeza no animal.“A higienização é feita para evitar a contaminação do sêmen. No orifício, você vai introduzir a água. A água lava e você esvazia. Você faz esse procedimento até perceber que a água sai translúcida e praticamente sem odor”, explica.

Quando está pronto para a colheita, o porco é solto. Com cuidado, Simone conduz o animal até o manequim.

“Uma vez que o cachaço montou no manequim e expôs o pênis, deve ser feita uma ligeira pressão na região da glande, que tem formato de saca-rolha, de forma a mimetizar uma monta natural. Uma vez que realizou essa ligeira pressão, o macho termina de expor o pênis e começa a ejacular. Nós utilizamos o filtro para a separação da fração gelatinosa e da fração liquida. Somente a fração líquida é utilizada para a produção da dose inseminante”, diz.

A veterinária explica que a frequência de coleta depende da idade: “Animais com até um ano de idade, a recomendação é uma vez por semana. Animais com idade acima de um ano e meio, de três a cinco dias”.

A ejaculação dos suínos é mais demorada do que a de animais como o boi e cavalo e é importante esperar até o fim para coletar um bom material. O porco “Esquisito”, por exemplo, produziu 250 mls de sêmen numa única ejaculação.

Depois da coleta do sêmen, a próxima etapa acontece no laboratório. O sêmen sai do animal numa temperatura de 37º C. Por isso, no laboratório, a primeira providência é colocar o material em banho-maria, para não haver choque térmico, o que prejudicaria o sêmen.

É necessária uma estrutura mínima no laboratório:

“Uma placa aquecedora, para aquecer o material que vai trabalhar com o sêmen, um microscópio, uma platina aquecedora, que vai aquecer a lâmina, um banho-maria e um refrigerador. É o material mínimo”, diz a veterinária.

Também tem que ter um técnico que saiba avaliar o que vê no microscópio.

“Esse técnico, geralmente, é assessorado por um médico veterinário”, explica.

No laboratório, a Simone analisa a movimentação, a quantidade e anormalidades que podem interferir na fertilidade. Depois, é adicionado um produto próprio pra diluir o sêmen e o líquido é dividido em doses.

“A bisnaga contem 100 mls, que representa cada dose inseminante, com 3 bilhões de células espermáticas, 3 bilhões de espermatozóides em cada dose. Em cachaços sexualmente maduros, com cerca de um ano e meio, é possível produzir cerca de 35 a 40 doses por cachaço, por colheita. Para emprenhar uma porca, são necessárias três doses inseminantes, com intervalos de 12 horas”, explica a veterinária.

O sêmen vai para o refrigerador e deve ser usado em dois dias.

“Com a inseminação artificial, você diminui o número de reprodutores, que são caros. Então, em vez de ter um reprodutor cobrindo uma fêmea, cada reprodutor consegue cobrir 10 fêmeas. Além disso, você tem um material genético muito bom. Então, você está melhorando também a genética da sua criação”, diz.

Se tudo for feito direitinho, o sucesso da inseminação pode chegar a 90%. Só vale a pena investir nessa estrutura quando a criação tem, pelo menos, 200 matrizes. Se não for seu caso, sempre existe a alternativa de comprar o sêmen de outros criadores.