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Insumos

Soja atinge R$ 50 a saca com nova alta em Chicago

Outra variável que sustentou a alta foi a expectativa com o relatório mensal de oferta e demanda do USDA.

Redação (9/4/2009) – A soja atingiu ontem (8) US$ 10,06 por bushel (27,2 quilos) na Bolsa de Chicago (CBOT), abrindo distância da faixa de US$ 8,40 a US$ 9 mantida nos últimos dois meses. No Brasil, a saca de 60 quilos volta a ultrapassar US$ 22. A depender do prêmio pago à exportação, a oleaginosa encontra negócios acima desse valor no Porto de Paranaguá, como ocorreu ontem, entre R$ 49 e R$ 50 a saca, no câmbio de R$ 2,2.

O viés altista em Chicago responde a fatores extras e aos fundamentos. De um lado, a recuperação das bolsas de valores, que volta a movimentar os fundos especuladores. De outro, a safra dos EUA, que começa com área para soja aquém das previsões. Steve Cachia, analista de commodities da Cerealpar, explica que, pelo menos por enquanto, os norte-americanos não devem plantar uma grande área de soja. Sobre os fundos, ele destaca que o temor da inflação faz com que os papéis do setor sejam valorizados como alternativa mais segura.

Outra variável que sustentou a alta nesta quarta-feira foi a expectativa com o relatório mensal de oferta e demanda do USDA, o departamento de agricultura dos Estados Unidos. No documento que será divulgado hoje, o órgão do governo americano deve reduzir o estoque interno do grão. Além disso, incertezas na Argentina fazem com que a China se apresse nas compras.

Para Otmart Hübner, do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, é uma boa hora para vender parte da produção. “O preço é bom e se o produtor não vender está assumindo um risco. Ele pode esperar e ganhar mais, mas também pode esperar e ganhar menos.” A orientação do técnico é a venda parcelada, aproveitando os picos de cotação. Robson Mafiolleti, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), concorda: “Com preços interessantes, o produtor precisa realizar pelo menos para pagar custos e cobrir o financiamento.”

Dados de comercialização do Deral mostram que o produtor está sentado em cima da soja à espera de um preço melhor – apenas 28% da soja produzida no estado foram vendidos, ante 43% na mesma época de 2008. O número não considera troca de produção por insumos. No ciclo atual, o estado deve produzir 10 milhões de toneladas de soja, segundo a Expedição Safra RPC. De acordo com o Deral, 75% das lavouras já foram colhidas.

Hübner também alerta o produtor para a tendência de cotações menores no segundo semestre, como em 2008. Flávio França Júnior, da Safras & Mercado, também acredita que Chicago segue para baixo a partir de julho. Steve, da Cerealpar, não descarta essa possibilidade, mas acredita em elevação, a depender das exportações e da safra nos Estados Unidos. “Uma cotação bem acima do custo de produção não pode ser desprezada. É rentabilidade em ano de crise”, pondera o analista, sugerindo que o produtor deve aproveitar os picos de preço.

O custo variável está em R$ 25 por saca segundo a Seab/Deral e R$ 27 na planilha da Ocepar. O cálculo de desembolso considera uma produtividade média de 3.000 quilos por hectare.