O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, negou que a união entre Sadia e Perdigão tenha sido objeto de discussão na reunião do conselho de administração do banco, realizada ontem, mas admitiu que a instituição poderá participar de uma eventual chamada de capital, caso o casamento entre as companhias se confirme, como tudo leva a crer.
“Se necessário, sendo a criação de uma empresa competitiva, respeitando o consumidor, o BNDES poderá considerar a participação numa eventual chamada de capital da empresa”, disse Coutinho. O executivo deixou claro que o banco de fomento ainda não tinha informações sobre como seria a estruturação de uma eventual fusão entre as duas companhias do setor de alimentos.
“Precisamos que o setor privado amadureça o projeto e que traga ao BNDES. Não posso fazer comentários”, acrescentou ele.
A atuação do banco nesses últimos meses de crise no segmento de frigoríficos, inclusive na frente de bovinos, motiva controvérsias no setor de agronegócios. A Sociedade Rural Brasileira (SRB), com sede em São Paulo, é uma das entidades do setor que já se manifestou contrariamente à linha adotada pela instituição.
Em carta endereçada a Coutinho, mas se se referir a nenhum caso em especial – seja o da Perdigão e Sadia, seja qualquer outro -, o presidente da SRB, Cesário Ramalho da Silva, afirma que, para a SRB, “o incentivo a fusões não deveria ser uma iniciativa adotada como política de investimento, mas utilizada somente em situações específicas, como medida paliativa, como, por exemplo, nos casos de empresas que se encontram em severas dificuldades financeiras e que tem na união, incorporação ou fusão a alternativa de sobrevivência, com posterior possibilidade de retomada do controle acionário.