Redação (09/02/2009)- O Departamento de Agricultura dos EUA (Usda na sigla em inglês) deve anunciar amanhã uma projeção da safra de soja brasileira de 57,4 milhões de toneladas, queda de 2,7% em comparação com as previsões de janeiro, segundo a média das estimativas de 13 analistas do setor consultados pela Bloomberg. A safra argentina deve ser reduzida em 7,7% para 45,7 milhões de toneladas, acreditam os analistas. No ano passado a colheita no Brasil foi de 61 milhões de toneladas e na Argentina de 46,2 milhões. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou na quinta-feira que a safra de soja brasileira será de 57,21 milhões de toneladas.
O Usda também deve estimar a produção de milho no Brasil em 50 milhões de toneladas, queda em relação à estimativa de janeiro de 51,5 milhões, afirmaram também os analistas. A Argentina deve produzir 14,7 milhões de toneladas, queda de 11% frente às projeções feitas no mês passado pela Usda, de acordo com o mesmo levantamento.
A produção mundial de soja também será menor do que mostravam as estimativas do governo dos Estados Unidos divulgadas no mês passado. O clima seco tem afetado as plantações na América do Sul. Em contrapartida, os estoques americanos de milho e soja devem crescer em meio à queda da demanda de alimentos, ração e biocombustível provocada pela recessão mundial.
"As plantações sofreram não apenas com o clima seco, mas também com a redução no uso de fertilizantes", afirmou Mark Schltz, vice-presidente da Northstar Commodity Investments em Mineápolis. "As chuvas nas duas últimas semanas ajudou a estabilizar as plantações e agora o foco das preocupações deverá ser a deterioração da demanda mundial e o início da semeadura nos EUA em abril."
A China, o maior produtor de grãos do mundo, elevou seu grau de alerta emergencial contra a seca para o nível 1, a categoria mais alta, pela primeira vez, devido à ameaça representada pela estiagem ao desenvolvimento da produção agropecuária e à renda do meio rural.
Cerca de 143 milhões de mu (9,5 milhões de hectares) de trigo de inverno atravessam por condições de seca, mais de 40% da safra e em cerca de um terço dessa área essas condições são "graves", segundo a Sede do Departamento Estatal de Controle de Enchentes e Assistência a Áreas de Seca. Cerca de 4,3 milhões de pessoas e 2,1 milhões de animais de criação de grande porte estão com acesso limitado à água potável, disse o órgão.
A seca deverá reduzir a produção de grãos, diminuir as exportações e prejudicar os esforços do governo de aumentar a renda do meio rural numa época em que 20 milhões de trabalhadores migrantes chineses perderam seu emprego. O presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao determinaram que seja empenhado "esforço total" no combate à seca, disse a Agência de Notícias Xinhua.
A mais grave seca dos últimos 50 anos deverá reduzir a safra de trigo do verão "em 2 a 5%, ou 2 milhões a 5 milhões de toneladas", disse Ma Wenfeng, analista de grãos da Beijing Orient Agribusiness Consultant Ltd. Mesmo assim, a China conta com 60 milhões de toneladas do grão estocadas em armazéns governamentais e dispõe de "amplo" abastecimento, disse ele hoje a partir de Pequim.
"Isso fortalece o mercado de Chicago", disse Takaki Shigemoto, analista da corretora de commodities Okachi & Co., sediada em Tóquio. "Mas acho que não vai puxar o preço acentuadamente para cima por enquanto, uma vez que a China parece ter estoques suficientes", disse ele.
O Conselho de Estado chinês reservou mais 300 milhões de iuan (US$ 44 milhões) para um fundo de ajuda, além dos 100 milhões de iuan já destinados a esse fim. As condições de estiagem afetaram cerca de 155 milhões de mu de todas as lavouras do país, e alcançaram 12 províncias chinesas.