Redação (27/02/2009)- A queda nos preços internos do milho em fevereiro já anulou os ganhos que a commodity obteve em janeiro passado. Até o último fechamento, o Indicador Esalq/BM&Fbovespa (região de Campinas) recuou 9,1% contra uma alta de 11,2% do mês anterior, fechando a R$ 21,32 a saca. A reversão dos preços ocorre justamente no momento de decisão de plantio do agricultor e pode comprometer a próxima safra. Para assegurar a produção, o governo federal e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo estão assegurando um preço mínimo de venda ao produtor e o barateamento dos custos. Hoje, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai leiloar Contratos de Opção de venda para 600 mil toneladas de milho produzido no Centro-Oeste e Sul do País. Este será o segundo leilão realizado pelo governo em 2009 para incentivar o plantio da safrinha – além do milho, apenas o trigo recebeu esse incentivo em 2009. Neste leilão, os contratos terão vencimento em 1º de setembro e o valor a ser pago será de R$ 18,84 a saca para a produção sul-mato-grossense, goiana e paranaense. Já os mato-grossenses vão receber R$ 15,36 a saca.
"O governo quer sinalizar para o produtor que lá na frente, quando colher, terá um preço remunerador. A preocupação específica com o milho se deve à quebra da safra de verão e aos indicativos de redução de área para a próxima safra em alguns estados", explicou João Paulo de Moraes Filho, superintendente de operações da Conab. Segundo ele, a expectativa do Ministério da Agricultura é a de que o incentivo ao plantio da safrinha possa compensar a queda da safra de verão. Moraes destacou ainda que se houver necessidade, o governo poderá promover novos leilões direcionados aos produtores de milho.
Na primeira rodada dos leilões, realizada na semana passada, a estatal também ofertou contratos para 600 mil toneladas e negociou papéis para 413,53 mil. Os produtores de Goiás e Mato Grosso do Sul arremataram todo o volume ofertado (200 mil toneladas). Já no Mato Grosso e no Paraná foram negociados, respectivamente, 63,49% (126,98 mil) e 43,26% (86,53 mil).
Após o leilão de hoje, a Conab vai vender ainda 30 mil toneladas de milho dos estoques do Mato Grosso para avicultores, suinocultores, bovinocultores de leite e indústrias de ração da Região Nordeste, do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Segundo dados consolidados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o setor de nutrição animal deve registrar crescimento de 5% em 2009 em relação ao ano passado.
São Paulo
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo oferece 60 mil sacos de sementes de milho, sorgo e girassol a preço de custo aos produtores do estado. Dependendo da qualidade do insumo, o produto que é vendido por cerca de R$ 250 no mercado sai por até R$ 38 a saca. A ação deve incentivar a manutenção da produção em um momento em que muitos agricultores tiveram seus plantios frustrados por fatores climáticos adversos e pelo alto custo dos insumos.
De acordo com Armando Portas, diretor do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), a Secretaria de Agricultura produz sementes e mudas de culturas nas quais não há uma presença forte da iniciativa privada que garanta o abastecimento a preços mais justos. "Muitos perderam sua segunda safra de soja ou de milho por conta da seca, então promovemos uma redução nos preço das sementes e estamos comunicando os agricultores", afirma Portas. A secretaria está encaminhando 15 mil malas diretas aos agricultores do estado. Além dos produtores de grãos, pecuaristas de leite e confinadores também estão entre o público-alvo devido à demanda pela ração. Caso todo o volume disponibilizado seja adquirido, a produção paulista poderá aumentar em 288 mil toneladas.
Adibe Antonio da Silva, produtor de milho no Município de Fernandópolis, é um dos agricultores que já adquiriu as sementes mais baratas. O clima adverso havia reduzido sua produção em 50%. "A diminuição do custo por hectare irá custear os outros insumos e pagar as contas antigas. Se sobrar, vou aumentar um pouquinho a produção", afirmou.
Em um momento de queda nos preços internos do milho, o governo de São Paulo e o governo federal estão assegurando um preço mínimo de venda ao produtor para assegurar o plantio.