A Bronquite Infecciosa Aviária (BI) é uma doença aguda, altamente contagiosa, causada por um Coronavírus que acomete a espécie Gallus gallus domesticus, infectando células dos aparelhos respiratório e genito-urinário das galinhas. Presente no mundo inteiro, a doença têm grande relevância dentro da avicultura industrial. Com o registro da doença, granjas estão sujeitas a prejuízos econômicos grandiosos, com aumento da mortalidade e quedas nos índices de desempenho em frangos de corte, matrizes e aves de postura comercial.
Acredita-se que a melhor forma de prevenção da doença, no Brasil e no mundo, é através do processo de vacinação. Para Alberto Back, médico veterinário e e diretor técnico do laboratório MercoLab, as vacinas dispoíveis no mercado, contra a BI, são eficazes. Entretanto, existem evidências de campo da presença de cepas variantes na bronquite infecciosa, cujas cepas vacinais utilizadas atualmente não estão protegendo ou protegem parcialmente. “O Brasil, terceiro maior produtor mundial de frangos [5,5 bilhões/ano] e o primeiro maior exportador de carne de aves, ainda não possui um programa de investigação institucional em bronquite infecciosa”, diz.
Com as dúvidas referentes à eficácia do processo de vacinação contra a bronquite infecciosa aviária, as principais empresas fabricantes de vacina para o setor avícola já iniciam estudos e/ou projetos objetivando incrementar o combate a esta doença. “Atualmente a grande discussão no mercado avícola nacional envolvendo a enfermidade, principalmente no que diz respeito ao seu controle através de vacinas, gira em torno da necessidade ou não da introdução de novas amostras ou cepas vacinais”, comenta Alessandro Campos, gerente de Produtos e Serviços Técnicos da Biovet. “Mas antes desta discussão, a comunidade científica deve concentrar-se m responder questões referentes aos programas profiláticos e vacinais atualmente utilizados, e se estes são ou não suficientes para o controle adequado da enfermidade”.
“A necessidade de introdução no Brasil de vacinas vivas com outro sorotipo, que não o Massachusetts, ainda não está definitivamente clara”, diz Luiz Sesti, gerente Técnico Internacional da Ceva Saúde Animal.
Laura Villarreal, Gerente Técnica de Avicultura da Intervet/Schering-Plough, está alinhada à opinião dos profissionais da Biovet e da Ceva, e não vê necessidade de novas tecnologias para o controle da BI e defende a implementação de esquema de vacinação mais completo, incluindo na vacina viva cepas de bronquites diferentes da massachussets.
Segundo Jeovane Pereira, gerente de Produtos e Serviços Técnicos de Avicultura da Merial, a empresa vem registrando avanços significativos na pesquisa de novas vacinas recombinantes, porém, sem previsão para produtos comerciais. Ele também destaca as discussões em torno da presença de cepas variantes nos casos clínicos onde aparentemente a vacinação convencional não obteve êxito, mas ressalta que também é freqüente a detecção de cepas variantes não patogênicas que são utilizadas pelo sistema imune das aves com reforços naturais de vacinação.
A Fort Dodge, em parceria com a Facta, está organizando um workshop sobre BI, programado para os dias 02 a 03 de dezembro em Campinas (SP). No evento, serão debatidos vários aspectos da doença e a possibilidade de introdução de novas cepas no mercado brasileiro ou desenvolvimento de vacinas com cepas locais isoladas.