A medicina veterinária em suínos vem sofrendo uma série de transformações em seu exercício nas duas últimas décadas, principalmente. De um profissional atuante em todas as áreas de conhecimento da veterinária suína para um especialista em um determinado nicho da profissão. Ao mesmo tempo, tendo que se abrir para novas áreas, como administração, orientação técnica, ensino por meio de cursos e treinamentos a funcionários de granjas. E, como se não bastasse, se posicionar frente a desafios atuais como meio ambiente, rastreabilidade e bem-estar, além da sanidade, claro.
Outra questão crucial é o ensino da medicina veterinária nas universidades brasileiras. Seria o Brasil “recordista mundial” de faculdades de veterinária? Esta é uma pergunta que pode acompanhar outra sobre a qualidade deste ensino. Todas estas são questões que permeiam a conversa com David Emilio Santos Neves de Barcellos, ou simplesmente David Barcellos, como é devidamente conhecido. Formado em medicina veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com mestrado pela Universidade de Londres e doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), ele é hoje um dos profissionais mais respeitados entre os médicos veterinários especialistas em suínos. Professor do departamento de Medicina Veterinária da Faculdade de Veterinária da Ufrgs, sendo orientador em Sanidade Suína dentro de seu programa de pós-graduação, Barcellos fala com propriedade sobre todos estes temas. Confira a entrevista completa.
Suinocultura Industrial – Como e de que forma a evolução da suinocultura nos últimos 15 anos transformou o exercício da medicina veterinária?
David Barcellos – A evolução da suinocultura vem se dando fundamentalmente com a mudança do sistema de produção. Há 15-20 anos a suinocultura era basicamente de produtores independentes, os quais por vezes entregavam a produção ou tinham algum tipo de ligação com as agroindústrias. Com o tempo, os pequenos produtores independentes foram sendo substituídos por produtores maiores e mais fortemente ligados às integrações. Ou seja, cada vez mais os complexos industriais são hoje proprietários das granjas e detêm uma influência muito grande no manejo, nas instalações e no processo de produção do suíno. Então, basicamente, o trabalho veterinário teve que se adaptar a esta nova realidade, na qual as regras ou normas são citadas não mais de forma independente, mas integradas em grandes sistemas de produção.
SI – E quais as principais transformações ocorridas especificamente no desempenho da profissão de médico veterinário especialista em suínos durante este período?
Barcellos – Há 20 anos, em primeiro lugar, se conhecia muito pouco. As coisas eram muito intuitivas. Progressivamente os conhecimentos foram se consolidando e o médico veterinário teve que partir de um exercício profissional mais intuitivo para um com a necessidade de se estudar mais, passando a acompanhar tudo que é divulgado. Hoje ele tem que ler mais, estudar mais e se adaptar aos processos que lhe são colocados para que possa cumpri-los. Esta talvez tenha sido a mudança mais importante. É claro, também evoluiu muito a questão das medicações, dos processos de vacinação e, principalmente, dos processos de medicina preventiva. Medicina preventiva que não é algo novo, mas no passado o foco era a cura dos animais. Eles precisavam adoecer para serem tratados. Então, este conceito de que se poderia trabalhar com prevenção evoluiu bastante, não só pela medicação e vacinação, mas também pelo controle ambiental e de manejo das granjas.
SI – Em comparação ao início de sua carreira, quais as principais diferenças hoje no exercício da medicina veterinária?
Barcellos – Eu me formei em 1971. São 38 anos. Quando iniciei na profissão, as coisas tinham que ser feitas na base da tentativa e erro. Você ia para o campo aprender para depois utilizar em uma próxima oportunidade, quando se deparasse novamente com o mesmo problema. Naquele tempo, por meio deste processo, eu consegui o primeiro relato da maioria das doenças que vi no campo. Agora, durante este período inicial da produção, havia uma tendência do profissional procurar entender um pouco de cada coisa: ambiente, nutrição, reprodução, manejo, sanidade… Ele se tornava um profissional polivalente. Mas, de uns anos pra cá, cada vez mais as pessoas estão se tornando especialistas. O especialista em sanidade, o especialista em manejo ou em reprodução. Em minha opinião, a tendência é de se especializar ainda mais, seja em cima de uma doença ou de um grupo de doenças agrupadas em um sistema. Por exemplo, o sistema digestivo, as diarréias ou as pneumonias. Eu acredito que cada vez mais a pessoa será obrigada a se especializar em um nicho dentro da profissão.
SI – O senhor falou que conseguiu o primeiro relato doenças que viu no campo. Quais eram?
Barcellos – Nossa Senhora! Acho que poderia fazer uma lista [risos]. Mas, por exemplo, a disenteria suína, a epidermite exsudativa… a meningite estreptocócica acredito que fiz também o primeiro relato no Brasil. Bem, todas estas doenças que hoje são absolutamente rotina, mas naquela época eram os primeiros relatos. O que era muito importante, pois são doenças que tem o agente etiológico primário. Atualmente trabalhamos muito em cima de doenças multifatoriais, dentro de um complexo de interações em que o agente é apenas uma parte da realidade, mas, antigamente, víamos as doenças tendo o agente como foco central de preocupação. Hoje, com todas as técnicas de diagnóstico, com os kits existentes, realmente esta necessidade não existe mais.
SI – Atualmente o aspecto sanitário é estratégico para o setor produtivo, principalmente em relação às exigências do mercado externo. Isto aumentou a responsabilidade do veterinário?
Barcellos – Sem dúvida. E não é só esta pressão. Somos pressionados de todos os lados, por questões como bem-estar animal, meio ambiente, segurança alimentar… O mercado internacional é apenas reflexo deste conjunto de preocupações da sociedade. As pessoas se preocupam com o impacto que o consumo de alimentos pode gerar em sua saúde. Querem saber o que o processo de produção animal causa ao meio ambiente e como isto pode impactar a sua vida. Até me lembro de um exemplo que achei significativo. Em uma palestra dentro do Sinsui, nosso simpósio anual aqui na Ufrgs, um palestrante falou da preocupação nos Estados Unidos de se construir sistemas de produção de suínos que, externamente, não demonstrassem nenhuma relação com poluição. Por exemplo, as lagoas de efluentes ficavam debaixo dos animais. O conceito era não fazer nada visível, para evitar a percepção, dos moradores próximos aos grandes complexos de produção, de que aquilo pudesse gerar algum tipo de poluição. Os prédios também deviam ser construídos de maneira semelhante a fábricas. Esteticamente bonitos, bem pintados, para não serem facilmente identificados como locais com uma grande população de suínos. Até para retirar este conceito de poluição. Então, acho que todo este tipo de pressão é uma novidade para a classe veterinária ou para toda a classe de pessoas envolvidas na produção de suínos. Há a necessidade de todos se adaptarem a estes novos tipos de pressão.
SI – Bem-estar, sustentabilidade, rastreabilidade. Como o médico veterinário tem lidado com estas questões?
Barcellos – Seria impossível imaginar hoje um profissional que se preocupasse apenas com o aspecto sanitário. Ele tem que ser bastante abrangente em suas decisões e posições, exatamente porque a produção tem que ser encarada dentro de um sistema complexo. Ela é parte de um ecossistema que tem de ser preservado. Também todas as questões que envolvem a preocupação do consumidor, ela tem que ser considerada no dia a dia do veterinário. Senão, a sobrevivência dele como profissional está ameaçada. As próprias agroindústrias, em seus processos de seleção, estão extremamente seletivas e preocupadas com este aspecto ao contratar seus profissionais.
SI – Em outros países, como Estados Unidos, o médico veterinário tem se dedicado ao treinamento de produtores e funcionários das granjas. Este papel educacional, vamos assim dizer, também é exercido hoje pelo profissional brasileiro?
Barcellos – Esta é uma função-chave dentro das disciplinas que ministramos aqui na faculdade, que seria tradicionalmente a extensão dentro da medicina veterinária; uma cadeira ou disciplina de extensão. Hoje se é tão especializado dentro da suinocultura que o profissional precisa ir além do que a universidade ensina em termos de extensão. Dos médicos veterinários que fazem clínica, eu diria que de 30% a 40% deles, talvez mais, dependem muito da maneira como interagem com as pessoas dentro das granjas. Isto porque ele vai eventualmente até as propriedades fazer a análise clínica e depois propor algumas medidas pontuais. Se voltar dali a três dias, provavelmente, vai ter que propor outras coisas, porque a situação sanitária da granja é dinâmica. Quem está o tempo todo ali dentro são os funcionários, os gerentes e o proprietário. Por isso, o ensinamento que deve ser transmitido a eles é algo que possa ser aplicado de maneira contínua e não pontual, apenas na visita do veterinário. A forma como o profissional consegue transmitir os ensinamentos, orientar as pessoas em como se comportar, maneiras de melhorar a condição sanitária do plantel, é mais importantes do que fazer um diagnóstico pontual de uma doença ou indicar um programa de medicação ou vacinação. É muito mais importante que ele faça treinamentos permanentes e periódicos com o pessoal da granja. Isto que chamamos de educação continuada, ou educação e treinamento, é hoje uma das grandes funções do veterinário.
SI – No Brasil o médico veterinário já incorporou esta nova função?
Barcellos – Existe de uma maneira meio informal, até acho que deveria acontecer com mais intensidade. Sempre que um profissional visita a granja, ele é acompanhado por alguém de determinado setor. Nesta ocasião, ele faz um tipo de trabalho de treinamento, de educação, por meio da conversa com o funcionário. Eventualmente são feitas palestras ou reuniões para treinamento. Eu acho que isto poderia ser mais fomentado. Deveriam ser preparadas apresentações estruturadas para treinar o pessoal da granja. Uma coisa que já existe – e foi um grande avanço – são os procedimentos operacionais, no qual estão escritos todas as atividades e procedimentos que devem ser tomados dentro das granjas. Isto é comum dentro das integrações hoje. Periodicamente, o profissional pega estas fichas e discute com os funcionários para ver de que forma isto está sendo recebido e se está sendo cumprido. Não adianta o treinamento pontual sem uma cobrança para ver se estes procedimentos estão sendo seguidos. Agora, existe um problema extremamente sério, que é a alta rotatividade da mão-de-obra na suinocultura. Na prática se observa que a cada visita o grupo funcional mudou. A rotatividade implica também em uma coisa negativa, que é a pessoa aprender com os que ficam. Como é muito rápido isto, a maioria das vezes as pessoas que entram não têm tempo de aprender com os remanescentes da granja. Quem está ensinando, por vezes, não aprendeu direito ou não teve uma vivência suficientemente longa na propriedade para que lhe ensinassem de maneira adequada, no entanto, muitas vezes é ele quem vai ensinar o novo funcionário.
SI – Qual a melhor maneira para o médico veterinário se atualizar?
Barcellos – Na suinocultura existem bastantes oportunidades, seja em educação ou treinamento continuado. Por exemplo, há bons livros brasileiros. O Brasil é um País surpreendente na quantidade de bons livros. Eu posso citar o nome do professor Jurij Sobestiansky, um profissional incansável e que agrega sempre bons profissionais ao seu redor para produzir livros extremamente significativos na área da suinocultura. Há a oportunidade de palestras. É riquíssima a quantidade de palestras e congressos ministrados aqui. Acho que no mundo não há país com tantas oportunidades de treinamento. E, claramente, hoje a revolução maior é a internet. Atualmente, qualquer um tem um computador. Se tiver curiosidade e vontade de aprender, a internet é praticamente um mundo inesgotável de informações. Desde as de baixa qualidade até as extremamente atuais e de excelente qualidade.
SI – De maneira geral, como o senhor avalia a formação do médico veterinário. As universidades brasileiras podem ser consideradas boas?
Barcellos – Esta é uma pergunta difícil. É uma opinião particular minha, mas eu acho que o Brasil tem excesso de faculdades de veterinária. Talvez o recordista mundial em quantidade de faculdades seja o Brasil. Isto gera muita desigualdade de qualidade na formação dos veterinários em diferentes escolas. Sem querer individualizar, acho que o Brasil, em treinamento para suinocultura, tem faculdades que ministram treinamentos de primeiro mundo e tem faculdades que ministram zero de treinamento. Então, o aluno é capaz de sair praticamente sem estudar nada, de nem ver a cara do suíno. Também seria utópico imaginar que todas as universidades irão treinar bem os alunos em todas as áreas. Em qualquer país do mundo, diferentes universidades têm diferentes áreas de excelência. Por exemplo, determinada faculdade nos Estados Unidos pode ser famosa pelo ensino que oferece em gado de leite. Outra pode ser reconhecida pelo ensino de suinocultura, e assim por diante. Eu acho que no Brasil é um pouco diferente, mas talvez o nível médio de nossas faculdades em relação à suinocultura devesse melhorar. No mínimo todas as universidades deveriam ter um nível médio em ensinamento de determinadas especialidades e, depois, serem muito proficientes ou muito especializadas em determinadas áreas, geralmente aquelas de importância para a região onde ela está. Por exemplo, uma faculdade no Nordeste do Brasil, localizada em uma região onde a cabra é extremamente importante, quase que imperceptivelmente ela vai formar bons profissionais nesta área. Provavelmente o professor vai estar envolvido com esta criação, há interesse econômico e propriedades próximas. Mas pelo menos o conhecimento básico em todas as áreas deveria estar garantido ao profissional, para que ele tivesse uma formação veterinária garantida e de boa qualidade.
SI – Neste caso, nem sempre o aluno sai pronto da faculdade para atuar no mercado de trabalho.
Barcellos – Nenhum profissional está pronto quando sai da faculdade. É uma realidade geral. Ele deve procurar um estágio ou ter consciência de que no início de sua atividade profissional ainda tem muito a aprender. Agora, ele deve ter pelo menos os conhecimentos básicos para não encontrar muitas dificuldades ou até se sentir frustrado depois de ir para o campo. Pelo fato de já ter o diploma, ele vai ser considerado proficiente, mas, muitas vezes, ainda não sabe exatamente o que deve fazer. Isto cria uma frustração muito grande. Nossos jovens, que são bastante competentes de maneira geral, acabam se adaptando quando vão a campo. No entanto, boa parte das vezes, eles sofrem em função formação falha que tiveram na faculdade.
SI – Quais fatores são determinantes hoje para que um aluno de medicina veterinária opte por se especializar em suínos?
Barcellos – São vários fatores. Um deles é a questão familiar. Filhos de suinocultores ou vindos de áreas em que a suinocultura é uma atividade importante, acabam já entrando com interesse na produção de suínos. Outro fator são as oportunidades profissionais. O aluno está sempre interessado em desenvolver ou se dedicar a uma atividade na qual visualize uma oportunidade de emprego. E o terceiro, no qual as universidades devem pensar com carinho, é a questão de o aluno procurar trabalhar em áreas nas quais recebeu uma boa formação. Ali ele se sente mais seguro para trabalhar. Por isto acho que as faculdades deveriam ter um nível razoável de formação em todas as áreas, para que o aluno pudesse realmente optar. Se ele não tem uma formação mínima – ou tem uma muito deficiente – em suinocultura, provavelmente ele não vai nem pensar em trabalhar com suínos. Ele absolutamente não se sente seguro e nem motivado para isto.
SI – Quais os principais desafios hoje no ensino da medicina veterinária especialista em suínos no Brasil?
Barcellos – O maior desafio é a amplidão que a suinocultura conseguiu. Hoje, as pessoas têm uma enorme dificuldade em absorver todo o conhecimento gerado no dia a dia e elas acabam se refugiando no nível de especialização. Infelizmente o professor não pode seguir esta linha, ele é obrigado a ensinar de uma maneira sistêmica. Não se pode ensinar sanidade dissociada de uma rede: instalações, genética, melhoramento… Você é obrigado a relacionar sanidade, que é o meu caso específico, sou professor de sanidade, com todas as áreas. É uma coisa difícil de fazer. Encontrar o limite do que ensinar e do que não ensinar para não atrapalhar o aluno. Isto nos gera uma enorme dificuldade, pois temos que tentar absorver os novos conhecimentos que surgem em todas as áreas. Cada uma delas uma peça de um quebra-cabeça que temos de montar para que o ensino dentro da universidade seja o mais adequado.
Em relação à pós-graduação, qual o perfil dos alunos. Em sua maioria são recém-graduados ou profissionais que já estão no mercado e buscam novos conhecimentos e oportunidades?
Barcellos – Não dá para generalizar. Vou falar especificamente do nosso curso. A nossa pós-graduação é chamada de Ciências Veterinárias e nela temos duas áreas de orientação, que é sanidade suína e reprodução suína. Nestas duas áreas eu sou orientador juntamente com os professores Ivo Wentz e Fernando Bortolozzo e a professora Mari Lourdes Bernardi. O que observamos é que 1/3 dos alunos que procuram a pós-graduação são recém-egressos, sendo que a maioria não é aqui dos nossos cursos. São de outras faculdades do Brasil. Os 2/3 restantes são profissionais já no mercado e que em um determinado ponto de sua carreira sentem a necessidade de agregar conhecimento em sua bagagem. Este ponto normalmente não é muito distante da formatura, em média de três a seis anos depois de formado. Eles procuram a universidade para acrescentar conhecimento e muitos deles retornam depois para as atividades desempenhadas antes do mestrado.
SI – Quais temas mais geram pesquisas na área veterinária em suínos?
Barcellos – É muito amplo isto aí. Hoje em dia para fazer pesquisa obrigatoriamente se tem que ter passado pelo doutorado. Ele é que prepara a pessoa para organizar projetos de pesquisa, desenvolvendo todo o planejamento, o que inclui aí a arrecadação de recursos, que é uma área crítica. Pesquisa custa dinheiro e o pesquisador tem que conhecer as maneiras de arrecadar recursos para fazê-la. Seja vindo da iniciativa privada ou até de órgãos oficiais como o Capes, Finep ou CNPq. O profissional tem estar preparado para isto. E a área de pesquisa geralmente tem muita relação com o que o profissional fez em seu doutorado. Normalmente ele procura um orientador e se enquadra em sua linha de pesquisa, que costuma ser semelhante ou próximo ao do próprio orientador. No meu caso específico, trabalhei com um determinado tipo de infecção intestinal e acabei depois desenvolvendo vários trabalhos nesta área no meu doutorado. Atualmente estou abrangendo a área clínica e tenho direcionado muito do meu trabalho de pesquisa para o cotidiano da suinocultura. Eu procuro os problemas que estão acontecendo no campo ou que são trazidos para a universidade e a partir daí vou desenvolvendo projetos. Por exemplo, nos últimos cinco anos eu desenvolvi seis ou sete orientações baseadas em circovirus. Maciçamente os problemas que chegavam à universidade eram relacionados às infecções associadas ao circovirus. Então, isto motiva a realização de pesquisa dentro de uma situação que está acontecendo no campo. Até porque fica mais fácil conseguir material e apoio nos problemas que são importantes.
SI – Quais os campos ou área de atuação tendem a ser mais promissores no futuro da medicina veterinária especializada em suínos?
Barcellos – Tradicionalmente o veterinário se envolveu muito com a área de controle sanitário. Eu acho que cada vez mais o profissional terá de entender de administração. É fundamental. Talvez esta área voltada à educação continuada dos funcionários das granjas… Esta, acredito, será uma área de grande impacto. Temos experiência de ver nas formaturas de veterinária que há uma quantidade enorme de áreas onde o pessoal vai trabalhar: setores específicos de supermercado, área de financiamento agrícola, de segurança alimentar, de controle ambiental. Há um leque de oportunidades extremamente variado para o veterinário que não queira se especializar apenas na área de sanidade. Mas a área prioritária do veterinário que vai trabalhar com suínos ainda será o controle sanitário nos próximos anos. Esta é ainda a área na qual somos mais bem preparados na universidade e na qual ainda temos mais facilidade para trabalhar.
SI – Finalizando, qual a contribuição dada pelo médico veterinário especialista em suínos para o desenvolvimento da suinocultura brasileira?
Barcellos – A suinocultura é uma das áreas de produção que mais evoluiu nestes últimos 20 anos. É impressionante o que se fez em termos de melhoria em todos os sentidos, seja reprodutivo, sanitário, ambiental, o que puder falar aí. Melhorou muito a nossa suinocultura nestes últimos 20 anos. O profissional veterinário teve um papel importantíssimo no desenvolvimento de todas estas áreas. Sem menosprezar os profissionais de outras especialidades, que também tiveram um papel importante, mas eu diria que o veterinário foi de grande importância em toda esta evolução da suinocultura.